"Esperança até ao fim." Costa discursa em almoço de campanha do PS e aponta Pedro Nuno como timoneiro para Portugal
António Costa ao lado de Pedro Nuno Santos marca o último dia de campanha.
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António Costa diz que tem esperança até ao fim. À chegada à Cervejaria Trindade, de cachecol verde, o primeiro-ministro foi parco nas palavras, mas respondeu à TSF e garantiu que tem esperança na vitória "até ao fim".
Manifestou-se confiante na vitória do PS e avisou que Portugal enfrentou a tormenta em luta contra a inflação e precisa de Pedro Nuno Santos como timoneiro no Cabo da Boa Esperança. Esta posição foi assumida por António Costa no tradicional almoço da Trindade, em Lisboa, antes da intervenção do secretário-geral do PS e da tradicional descida do Chiado, numa iniciativa que contou com a presença do antigo líder socialista Ferro Rodrigues e do presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva.
Nesta sua segunda participação na campanha eleitoral para as legislativas de domingo, o ex-secretário-geral socialista abriu a sua intervenção com uma nota de otimismo: "Este almoço na Trindade significa que estamos a dois dias de uma grande vitória do PS e de eleger Pedro Nuno Santos como o próximo primeiro-ministro". Depois, o ex-secretário-geral do PS procurou sintetizar o que, na sua opinião, está em causa nas eleições de domingo.
"Agora, que tudo indica termos conseguido dobrar o cabo das tormentas é preciso garantir que este momento de mudança nos faça mesmo estar no cabo da Boa Esperança. É fundamental não andarmos para trás e não destruirmos o que foi feito", disse.
Para António Costa, "com um novo timoneiro, o Pedro Nuno Santos, é preciso dar "um novo impulso à caminhada iniciada em 2015". Antes, o primeiro-ministro salientou que "estes últimos dois anos foram muitos exigentes para os portugueses, para as empresas e para Governo".
"Foram mais difíceis do que nos dois anos de pandemia [da Covid-19]. Na pandemia, o desafio foi maior, o impacto na vida das pessoas foi superior, mas sabíamos que com prevenção e com vacina que se conseguia combater a doença. No combate a inflação foi bastante mais difícil sobre como fazer", justificou.
António Costa assinalou que a inflação atingiu 10,2% em outubro de 2022, mas já baixou até à casa dos 2%.
"As taxas de juros estabilizaram e há a perspetiva de que possam começar a cair. No último trimestre do ano passado, Portugal foi o país da União que mais cresceu, com o emprego em máximos e a OCDE a dizer-nos que teve o terceiro maior aumento real de rendimentos das famílias", assinalou.
António Costa lembrou também algumas das medidas colocadas em prática pelo seu Governo na Saúde, sublinhando que não se limitou a aumentar em 72% o orçamento do Serviço Nacional de Saúde.
"Lançámos reformas profundas que começaram a ser implementadas em janeiro passado para melhorar a gestão do SNS com uma direção executiva, com um modelo de Unidades Locais de Saúde e com a generalização a todo o país do modelo que aumenta significativamente a remuneração de quem trabalha nas USF. Muitos tinham dúvidas sobre o impacto efetivo de medidas como a dedicação plena nos médicos, mas a verdade é que já nos primeiros dois meses 25% dos médicos optaram pela dedicação plena e, por isso, quem quer mesmo salvar o nosso SNS deve votar no PS porque é a garantia de que não voltamos para trás nem paramos nas reformas que temos em curso para melhorar o SNS", argumentou Costa.
Sobre o aeroporto, o primeiro-ministro demissionário recordou o acordo entre PS e PSD, de que ambos respeitariam o parecer da Comissão Técnica Independente, e acusou os social-democratas de já não quererem respeitá-lo.
"O parecer final, depois de muito debate, vai ser entregue na próxima segunda-feira. A partir de terça-feira, um futuro Governo que não esteja em gestão pode chegar e tomar a decisão, mas o PSD já foi avisando que, afinal, não está aqui para respeitar o parecer da Comissão Técnica Independente. Vai nomear agora um grupo de trabalho para refletir sobre o que já refletiu a Comissão Técnica Independente. Não, não podemos perder mais tempo e precisamos de um primeiro-ministro que decida de acordo com o acordado e respeite a melhor opinião técnica que foi produzida", afirmou o ex-secretário-geral do PS.
No final da intervenção deixou ainda dois alertas para o encerramento da campanha. O primeiro foi sobre a promessa de melhores salários da direita.
"Nem vou discutir o que eles fizeram e nós fizemos, confiemos que querem mesmo melhores salários, mas há uma coisa que temos por certa. Assinámos um acordo com os parceiros sociais nos termos do qual em 2027 o salário médio atinge o valor de 1750. O que é que a direita, que tanto quer subir salários, vem dizer? Quer adiar já por três anos, até 2030, atingir esse salário médio. A pergunta que faço é a seguinte: então querem tanto aumentar salários e, em vez de antecipar aquilo que já acordámos, aquilo que propõem fazer é adiar para 2030?", questionou.
Por fim alertou para o tão falado choque fiscal que, para Costa, vindo da direita acaba sempre num enorme aumento de impostos.
"Há 21 anos, na campanha de 2002, nós dizíamos o que íamos fazer e Durão Barroso dizia 'vem aí o grande choque fiscal' e, a partir daí, nunca baixou nenhum imposto, foi sempre a subir. Agora admitamos que vão tentar fazer diferente do que fizeram no passado. De acordo com as contas deles, se formos somando ano após ano o que significa o choque fiscal que propõem, é verdadeiramente um bónus para as grandes empresas e basta ter ouvido o que os bancos e a grande distribuição apresentou de resultados para perceber que estão de boa saúde e não precisam de nenhum apoio fiscal para continuarem a ganhar o dinheiro que estão a ganhar", acrescentou o socialista.