Esquerda tem de "reconstruir-se" e pensar nas autárquicas: "Corremos o risco de acordar em outubro com presidentes de câmara do Chega"

Fugindo à tendência, apenas o partido de Rui Tavares reforçou a sua bancada no Parlamento, elegendo mais dois deputados do que em 2024
Fernando Veludo/Lusa (arquivo)
No Fórum TSF, Rui Tavares, do Livre, destaca que é necessário "garantir" que a direita não muda a Constituição e as autárquicas têm de entrar já na agenda, até na do Partido Socialista, apesar de "estar agora numa disputa pela liderança"
Se há algo que os dados destas eleições legislativas mostram é a derrota da esquerda: a soma dos deputados eleitos pelo Partido Socialista (PS), pelo Livre, pelo PCP e pelo Bloco de Esquerda não equivale sequer aos da AD. Fugindo à tendência, apenas o Livre reforçou a sua bancada no Parlamento, elegendo mais dois deputados do que em 2024. No Fórum TSF desta quarta-feira, o porta-voz do Livre, Rui Tavares, traça dois desafios à esquerda: a necessidade de "garantir" que a direita não muda a Constituição, "que depois seria irreversível", e começar já a preparar as autárquicas: "Corremos o risco de acordar em outubro com um país no qual o sul e uma boa parte do Ribatejo tenham presidentes de câmara do Chega."
O "alarme soou com grande intensidade" no domingo, recorda ainda Tavares, para avisar que isso não basta e agora não se pode fazer a "vida do costume". Por exemplo, o Partido Socialista deve falar na "estratégia para as autárquicas", apesar de "estar agora numa disputa pela liderança".
Já no entender de José Soeiro, antigo deputado do Bloco de Esquerda, o "grande" repto baseia-se num verbo: "reconstruir a esquerda, reconstruir um projeto político credível", num momento em que as autárquicas "devem motivar uma reflexão sobre convergências".
O presidente da Causa Pública, Paulo Pedroso, entende que o PS deve procurar inspiração naquilo que foi feito quando Mário Soares saiu "após ter governado o país em circunstâncias difíceis", ou seja, "encontrar uma nova geração de líderes, voltar a conversar com os setores progressistas da sociedade dos quais se tinha afastado e voltar a ter ambição".
Por sua vez, no entender de Manuel Loff, historiador e ex-deputado comunista, considera que a esquerda, sobretudo o PS, tem uma lição a tirar: é preciso cumprir as promessas e melhorar a vida das pessoas. Agora, tem de "voltar às ruas". Sobre o novo secretário-geral do PS, seja quem for, Manuel Loff não espera "grande coisa".
