Estagnação, "desunião" com Rocha e metas de Malheiro. TSF acolhe único debate pela liderança da IL

Reinaldo Rodrigues/Global Imagens (arquivo)
A TSF acolhe o único debate entre Rui Rocha e Rui Malheiro, às 15h00, em ano de eleições autárquicas e com as presidenciais já em cima da mesa
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Rui Rocha vai a jogo para um segundo mandato à frente da Iniciativa Liberal (IL), mas sem metas eleitorais. Há dois anos, definia como objetivo os 15 por cento nas legislativas, para 2026, agora deixa os números de parte. Curiosamente, depois de umas eleições antecipadas em que não passou dos cinco por cento.
No primeiro mandato, contou com duas eleições. Nas legislativas, ficou tudo na mesma, com um grupo parlamentar de oito deputados. Nas europeias, cantou vitória, com a eleição de dois eurodeputados. O cabeça de lista e rosto da campanha foi o antecessor João Cotrim de Figueiredo.
Para as autárquicas deste ano, Rui Rocha escreve na moção que não quer apenas aumentar o número de autarcas, mas “criar laboratórios de governação que sirvam de exemplo para todo o país”.
Quer, por isso, “influenciar ou mesmo participar”, na governação de municípios e freguesias. Não desfaz o tabu sobre coligações, mas admite aliar-se ao PSD, “em casos excecionais, onde existam condições reais para conquistar câmaras municipais com uma agenda inequivocamente reformista”.
“Não estamos interessados em acordos que diluam o nosso ímpeto reformista, comprometam a nossa capacidade de mudança real ou abastardem a nossa cultura”, lê na moção da candidatura.
Quanto às presidenciais, Rui Rocha deixa críticas a Marcelo Rebelo de Sousa, escreve que “Portugal não pode dar-se ao luxo de mais cinco anos de uma presidência que oscila entre a passividade e o protagonismo inconsequente”, com um Presidente que é “um comentador-chefe”. Defende, por isso, que o próximo Presidente da República deve ser “um guardião da liberdade dos portugueses” e promete apresentar um candidato com esse perfil em breve. Ao que tudo indica, vai desfazer o tabu na convenção eletiva.
Malheiro ambicioso nos objetivos
Num duelo de Ruis, Rui Malheiro é o opositor interno. Assumiu o lugar depois da saída de cena de Tiago Mayan Gonçalves, que era o rosto do movimento Unidos pelo Liberalismo, mas deu um passo atrás quando se viu envolvido na falsificação de assinaturas na freguesia que presidia.
Ao contrário de Rui Rocha, Malheiro é ambicioso nas metas eleitorais, desde logo, nas autárquicas: quer duplicar para 200 o número de autarcas, com candidaturas em pelo menos cem municípios.
“A estratégia eleitoral e candidatos devem partir dos Núcleos Territoriais, existindo, no entanto, a vontade clara desta Comissão Executiva de que as candidaturas sejam elaboradas de forma autónoma sob a marca Iniciativa Liberal”, lê-se na moção.
Para as presidenciais, escreve apenas que quer “espalhar as ideias liberais”, seja com um membro do partido ou com o apoio a uma candidatura independente. Uma coisa é certa: a IL tem de ir a jogo nas eleições.
E se existirem legislativas antecipadas, Rui Malheiro aponta aos dez por cento, com a eleição de pelo menos 20 deputados. Só assim, sublinha o candidato, a Iniciativa Liberal pode influenciar a governação, no Governo ou com um acordo parlamentar.
“A consumação deste objetivo permitirá ao partido alargar a base de distritos em que obtém representação parlamentar, sendo claro o objetivo de alargar a pelo menos Leiria, Faro, Coimbra e Santarém essa representação. Só uma Iniciativa Liberal com pelo menos 20 deputados será capaz de influenciar definitivamente a governação de Portugal, quer através de uma coligação de governo, quer de um acordo parlamentar”, acrescenta na moção.
As eleições para a IL, com uma convenção eletiva, estão marcadas para 1 e 2 de fevereiro, no Pavilhão Paz e Amizade, em Loures. Rui Rocha é o grande favorito para um novo mandato, dois anos depois de ter vencido Carla Castro e José Cardoso, que, entretanto, abandonaram o partido.