Estalou o verniz entre Temido e Bugalho. Chega admite trocar de família europeia
O debate desta noite, na RTP, ficou marcado por trocas de acusações entre Marta Temido e Sebastião Bugalho.
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PS, Aliança Democrática, Chega e CDU juntaram-me à mesa para um debate a quatro, mas o tom subiu entre os candidatos dois principais partidos, onde as diferenças ideológicas são menos salientes. Habitação, imigração e aproximações à extrema-direita fizeram estalar o verniz. Já o candidato do Chega, Tânger Correia, até admite que o seu partido pode mudar de família europeia.
A socialista Marta Temido começou, desde logo, por apontar à presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, por uma tentativa de aproximação às famílias europeias mais à direita, de forma a garantir a eleição para um segundo mandato.
Sebastião Bugalho, na resposta, defendeu a presidente da Comissão Europeia, da mesma família europeia, lembrando que Von der Leyen mostra-se intransigente no apoio à Ucrânia, pelo que “não se pode dizer aos portugueses que está mais próxima dos que estão mais ao lado de Putin”.
“Ou ouvi mal ou a Marta Temido poderá ter-se expressado mal”, acrescentou Bugalho. Marto Temido puxou por uma notícia impressa e respondeu: “Não sou eu que digo, foi a senhora”.
O candidato da CDU, João Oliveira, não se mostra surpreendido, já que o “posicionamento da União Europeia vai, em alguns casos, ao quadro de que essas forças antidemocráticas se alimentam”. E, na opinião do comunista, Von der Leyen “nem é uma boa chefe de esquadra”, assim como a UE não é “polícia da democracia”.
Chega “não exclui” mudar de cadeiras no PE
Tânger Correia, do Chega, nem quer que apelidem o seu partido como de extrema-direita, mas sim de “conservador”, já que não se aproxima de uma matriz “mais próxima de outros partidos, como o PCP”.
O candidato até admite mudar de família política, numa discussão que tem marcado o debate entre os partidos mais à direita do espectro político: do Partido Identidade e Democracia para os conservadores europeus.
“Não excluo, mas não quer dizer que considero”, disse, atirando uma decisão para depois de 9 de junho, data das eleições para o Parlamento Europeu (PE).
CDU alerta: “Estão a preparar-nos para a guerra”
Em entrevista à TSF e ao Diário de Notícias, o Almirante Henrique Gouveia e Melo, Chefe do Estado Maior da Armada, admitiu o envio de tropas para a guerra caso um país da NATO seja atacado: "Se a Europa for atacada e se a NATO exigir, nós vamos morrer para defender a Europa". Ora, Marta Temido e Sebastião Bugalho pedem prudência.
O candidato da AD alerta que “afirmações sobre o futuro dos jovens portugueses, numa democracia, devem ser feitas por democratas eleitos pelos portugueses”. Já Marta Temido nota que admitir o envio de tropas para o terreno “é admitir a escalada”.
São declarações, ainda assim, que não surpreendem o comunista João Oliveira, já que “há um ambiente de preparação para a guerra”. “Estão a preparar-nos para a guerra”, acrescentou.
Já Tanger Correia defende investimento na Defesa, até através de Parcerias Publico Privadas.
“Mas o PSD está onde? Na estratosfera?”
O verniz estalou, de vez, entre Marta Temido e Sebastião Bugalho quando o debate se centrou na política de habitação. A socialista diz que votará a favor da habitação como direito fundamental, acusando a AD de ter feito o contrário (os eurodeputados social-democratas abstiveram-se).
Essa é, de resto, uma das metas com que Sebastião Bugalho se propõe ao Parlamento Europeu, prometendo "elevar e universalizar o direito à habitação na carta dos direitos fundamentais".
Marta Temido defende ainda uma revisão dos tratados, para aumentar as políticas de investimento em habitação, mas a AD “é contra” essa revisão. Sebastião Bugalho respondeu que, para a aplicação do Fundo Europeu para Investimentos Estratégicos, também conhecido como plano Juncker, "não é preciso revisão nenhuma”.
E o mesmo dilema colocou-se em matéria de imigração. Marta Temido acusa o PSD e o CDS-PP de quererem alterar o pacto para as migrações com ferramentas que já existem, beneficiando apenas os mais qualificados.
Sebastião Bugalho, por outro lado, refuta as críticas da socialista, defende legislação para que "as redes de tráfico diminuam", e lembra que os partidos que defende nem sempre acompanham as posições do Partido Popular Europeu. Marta Temido questionou: “Mas o PSD está onde? Na estratosfera? Recusa a sua família europeia?”.
“Os portugueses esperam mais de si”, respondeu Bugalho.
Notícia atualizada às 11h28