“Estou pronto para ser primeiro-ministro.” Ventura-se lança-se para piscina do Governo com boia insuflada de promessas
No discurso de encerramento da convenção do Chega, o líder do partido desenrolou uma série de promessas sem apresentar, contudo, números que expliquem como será possível pô-las em prática.
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André Ventura garante que está pronto para chefiar um Governo. É essa a grande mensagem do discurso de encerramento que fez, este domingo, na VI Convenção Nacional do Chega, em Viana do Castelo. Um discurso recheado de promessas eleitorais e com um convite aos dissidentes da restante direita, no qual se equipara a Sá Carneiro.
“Eu estou preparado para ser primeiro-ministro de Portugal”, assegura. “Tão pronto hoje como sei que Sá Carneiro se sentia para ser primeiro-ministro em 1979. E estou tão pronto a dar a minha vida por este país como ele estava para transformar Portugal”, declarou André Ventura, subindo de tom.
Para levar em frente essa ambição, Ventura procura a ajuda de caras vindas dos outros partidos à direita. Nomes que validem a credibilidade do Chega, que, afirma, é um partido com as portas abertas. “O Henrique Freitas, antigo secretário de Estado, o Simões de Melo, da Iniciativa Liberal, o Diogo Prates, também ele um dos fundadores da Iniciativa Liberal, o Miguel Mattos Chaves, do CDS, e o nosso António Pinto Pereira, que também se juntou ao Chega nos últimos tempos”, enumerou.
Durante mais de 50 minutos de discurso,Ventura agitou bandeiras do partido contra a livre imigração e a corrupção e atribuiu um título de “campeão” ao país. “Milhões de milhões continuam a ser desperdiçados num Estado ineficaz, em corrupção, em contratações, em compadrios e em desperdício (…). Este país é um campeão de desperdício do dinheiro público”, atirou.
E do TGV, que deveria estar pronto há décadas, ao médico de família para todos os portugueses, que não existe, André Ventura critica as promessas socialistas que não foram cumpridas, mas faz, ele próprio, pelo menos, uma dezena delas.
Vai uma: “Equiparar os suplementos da PSP, da GNR, da Guarda Prisional, das forças de segurança, ao que foi justamente atribuído à Polícia Judiciária”.
Vão duas: “Que todos os políticos condenados por corrupção fiquem impedidos, para sempre, de exercer cargos públicos”.
Três, a conta que Deus fez: “Que todos aqueles que, sendo ministros ou secretários de Estado, tenham, em nome do Estado, feito negócios com empresas nunca mais na vida possam ir trabalhar para essas empresas”.
E quatro: “Em quatro anos, o Chega recuperará o tempo de serviço dos professores”.
Cinco: “Será a banca, e os seus lucros, a pagar o crédito à habitação das famílias portuguesas”.
Seis: “Em seis anos, não haverá em Portugal uma única pensão abaixo do salário mínimo nacional”.
Sete: “O Chega vai reverter a extinção do SEF”.
Oito: “A fiscalização à “subsidiodependência” vai ser uma realidade em Portugal”.
Nove: “Vamos revitalizar as PPPs na Saúde e vamos permitir que o Público e o Privado funcionem em harmonia”.
Finalmente, dez: “Reverter a Lei da Nacionalidade, para que ninguém possa entrar, estar ou ser português sem saber falar a língua e conhecer a cultura portuguesa”.
E se, para o líder do PS, Pedro Nuno Santos, as promessas de Ventura são “impossíveis”, não passando de uma “mentira”, o líder do Chega responde-lhe diretamente. “Não é, caro Pedro Nuno Santos, não é.”
Como pretende, então, André Ventura financiar tudo o que propõe? “Se cortarmos na ideologia de género, iremos buscar dinheiro para quem precisa”, atira o líder reeleito do Chega, que, quanto a contas a explicar a matemática destas promessas, não apresentou qualquer uma.