Europeias: "Vitória do PS não é enorme, mas surge num momento importante para o partido e o país"
O PS e a Iniciativa Liberal foram os vencedores das eleições de domingo em Portugal, que ficaram marcadas pela derrota da extrema-direita do Chega. O tema subiu a debate n'O Princípio da Incerteza
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Os resultados das Eleições Europeias subiram a debate no programa "O Princípio da Incerteza", da TSF e da CNN Portugal. Alexandra Leitão, líder parlamentar do PS, destacou a vitória dos socialistas.
"O Partido Socialista ganhou estas eleições, ganhou em percentagem com cerca de um ponto percentual a mais, ganhou em número absoluto de votos, ganhou em mandatos e até tem, curiosamente, mais cerca de 150.000 votos do que os votos que teve há cinco anos, quando também ganhou as eleições europeias em 2019. E, portanto, é uma vitória, não é uma vitória enorme, mas é uma vitória que surge num momento importante para o partido e importante para o país", afirmou.
Já o historiador Pacheco Pereira sublinhou que esta vitória do PS dá uma folga maior aos socialistas.
"Isto dá ao PS uma maior margem de manobra, mesmo que seja para manter o Governo, e dá à AD uma menor margem de manobra. O modo como cada um vai jogar com essa diferença de margem de manobra vai depender o que vai acontecer nos próximos tempos", considera.
Por sua vez, Miguel Macedo, antigo ministro da Administração Interna, destacou a descida dos extremos em Portugal.
"Há um recuo da extrema-esquerda em Portugal. Ao contrário daquilo que é usual dizer-se, eu acho que isso é positivo para Portugal. Em segundo lugar, acho que também há um recuo importante da direita populista. Eu não quero ser excessivamente afirmativo neste ponto, porque não sei se é circunstancial, se é resultado do cabeça de lista escolhido, se são outras circunstâncias. Mas, seja como for, há um recuo da direita populista nestas eleições e eu acho que isso também é muito positivo", sublinhou.
O PS e a Iniciativa Liberal foram os vencedores das eleições de domingo em Portugal, que ficaram marcadas pela derrota da extrema-direita do Chega em contraciclo com a maioria dos outros países da União Europeia.
Apesar de perder um eurodeputado relativamente a 2019, elegendo oito dos 21 eurodeputados, o PS consegue reforçar o seu resultado em 160 mil votos, vencendo em 11 dos 18 distritos e superando a votação da Aliança Democrática (PSD-CDS-PPM), que tinha ganhado as legislativas realizadas há três meses.
Os socialistas venceram, contudo, com uma margem mínima sobre a AD (menos de 40 mil votos e um ponto percentual), o que não lhes permite acalentar a expectativa de um regresso ao poder a curto prazo na sequência de uma hipotética crise política provocada pelo chumbo do Orçamento do Estado para 2025.
Outro dos vencedores das eleições europeias foi a Iniciativa Liberal, que vai estrear-se no Parlamento Europeu com dois eurodeputados, após alcançar mais de 357 mil votos e quase duplicando o resultado percentual das legislativas de março (9% contra 4,9%).
A grande derrota da noite eleitoral foi do partido Chega, que depois de ter feito sensação nas legislativas de há três meses com 18%, ficou-se agora pelos 9,8% e falhou o objetivo de vitória eleitoral repetido na campanha eleitoral pelo seu líder, André Ventura.
A derrota da extrema-direita portuguesa ocorreu em contraciclo com muitos dos países europeus, designadamente em França, onde a vitória da União Nacional de Marine Le Pen levou o Presidente da República, Emmanuel Macron, a anunciar a dissolução da Assembleia Nacional e a convocação de legislativas antecipadas.
Outro dos derrotados da noite foi o PAN (Pessoas-Animais-Natureza), que não só perdeu a sua representação no parlamento de Estrasburgo como ficou atrás de um partido recentemente formado, o ADN, sendo relegado para o "campeonato" dos pequenos, aqueles que dificilmente podem aspirar à eleição.
À esquerda, o BE e a CDU (coligação PCP-PEV) perdem um eurodeputado cada, mas mantêm a representação no Parlamento Europeu, que nas sondagens durante a campanha chegou a ser dada por perdida. O Livre também falhou a eleição e é outro dos derrotados da eleição europeia.
As eleições europeias ficaram ainda marcadas pelo recuo da abstenção para cerca de 63%, menos seis pontos percentuais do que há cinco anos, para o que terá contribuído a possibilidade de voto em mobilidade que permitiu aos eleitores votarem numa assembleia de voto à sua escolha no país ou no estrangeiro.
