"Excelente notícia." PS aposta em Costa para presidente do Conselho Europeu, AD não se compromete
Sebastião Bugalho assume que, "do ponto de vista democrático", este "não é um mau dia"
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A audição de António Costa pelo Ministério Público foi o tema inicial do último debate a quatro para as eleições europeias de 9 de junho, que junta Marta Temido, Sebastião Bugalho, Catarina Martins e Pedro Fidalgo Marque, com a cabeça de lista socialista a afirmar que esta é uma "excelente notícia" e que o ex-primeiro-ministro é o melhor candidato a presidir o Conselho Europeu.
"Para nós sempre foi o melhor candidato e esta é uma boa notícia. António Costa foi ouvido a seu pedido e é de facto uma excelente notícia para começar a noite", disse Marta Temido no debate transmitido na TVI e na CNN Portugal.
Para a candidata do PS, esta audição vem num caminho positivo para que o ex-líder socialista possa assumir o cargo europeu.
"Importa dizer que as últimas notícias que tínhamos tido, fruto de uma decisão de um do Tribunal da Relação, já eram no sentido de que não havia factos que fossem suscetíveis de lhe serem imputados, portanto, de alguma forma, estamos numa continuação daquilo que era um entendimento que nós já vínhamos defendendo e de uma solução que penso que corresponde à possibilidade de ter António Costa no Conselho Europeu como presidente, que é uma boa escolha para a Europa, como muitos outros países e várias vezes sublinharam. E para Portugal, naturalmente", considera.
Do lado da AD, Sebastião Bugalho não se compromete com um apoio à eventual candidatura de António Costa, mas assume que este é um bom dia para a democracia.
"Acho que, do ponto de vista social, do ponto de vista democrático, não é um mau dia. Agora, acho que não podemos juntar uma coisa à outra. Eu não posso saber que António Costa foi ouvido num dia e cinco minutos depois de entrar em campanha pela por António Costa para o presidente do Conselho Europeu, porque nem sequer sei se ele aceita ser candidato ou se é candidato ou não", afirma.
Sebastião Bugalho fica à espera que António Costa dê o primeiro passo: "Eu acho que quem tem de saber se tem interesse e vontade em ser presidente do Conselho Europeu é o doutor António Costa e é o Partido Socialista Europeu, se o vai apoiar ou não. Eu estou aqui como candidato da Aliança Democrática ao Parlamento Europeu. Não estou aqui para fazer campanha pelo ex-Primeiro-Ministro António Costa. Nem a favor, nem contra."
Pelo Bloco de Esquerda, Catarina Martins lamenta que esta audição tenha demorado seis meses a acontecer e faz uma comparação.
"Deve preocupar-nos, porque infelizmente há tantos cidadãos e cidadãs anónimas que passam por estes calvários de meses e meses à espera para serem ouvidos, à espera com a sua vida em suspenso nas questões de justiça. Eu acho muito sinceramente que isso é o que mais me preocupa neste momento. Tenho repetido que não vou anunciar uma candidatura que o próprio não fez. Acho que não tem sentido. Não seria até educado da minha parte fazê-lo. Também tenho dito que não acho que o facto de alguém ser português torna necessariamente adequado para o cargo, mas também acrescento que sei que António Costa é diferente de Durão Barroso", argumenta a bloquista.
Já Pedro Fidalgo Marques, do PAN, não se pronunciou sobre o caso em concreto, mas também criticou a falta de meios da Justiça
"Toda esta questão que surgiu por falta de meios na justiça, por nós termos na Procuradoria-Geral da República, que devia ter vindo mais cedo dar esclarecimentos cabais da situação. E o que nós temos de começar já a discutir, o PAN insiste há muitos meses, é o reforço da justiça, é aprovarmos leis de transparência que garantam que todo este processo é claro e transparente, que sabemos com quem é que os deputados reúnem, haver esse registo. É esse o caminho que nós temos de seguir", referiu o cabeça de lista do PAN.
Além deste assunto, que dominou a noite informativa, o aborto foi outros dos temas que marcou o debate com PS, BE e PAN a criticar a AD por ter votado contra a inclusão do aborto na carta dos direitos fundamentais da União Europeia e querer, dessa forma, retroceder nos direitos das mulheres.
Sebastião Bugalho explicou que os eurodeputados sociais-democratas votaram contra apenas por "uma questão jurídica" e deixou a garantia de que a delegação da AD "se vai levantar para defender os direitos das mulheres".
Contudo, Catarina Martins considerou que a "desculpa jurídica é apenas uma desculpa", Marta Temido entendeu que a AD se está a "escudar atrás desse argumento" e Fidalgo Marques "disse não" aos retrocessos.
O combate à corrupção também esteve em cima da mesa com PS, AD, BE e PAN unânimes na necessidade de um "combate feroz" nesta matéria, unanimidade que não se verificou quando a questão passou para o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
Este foi o último debate a quatro para as eleições europeias de 9 de junho. A campanha eleitoral arranca na próxima semana.