Militares patrulham terreno para dissuadir incendiários e detetar eventuais focos de incêndio. Em 2023 realizaram um total de 1800 patrulhas
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“Apolo 16, Apolo 16, daqui Lince 376, informo início de patrulha à serra de Santa Luzia, composta por dois elementos, escuto”. O Sargento Luis Morte comunica assim pelo rádio militar, o início de mais uma ação de vigilância na serra em Viana do Castelo. O Exército tem protocolo com a autarquia local desde 2010, e todos os anos por esta altura, militares patrulham aquele território de lés-a-lés, para dissuadir incendiários e detetar eventuais focos de incêndio. O mesmo acontece em mais oito municípios em território nacional: Tavira, S. Brás de Alportel, Monchique, Loulé, Sintra, Boticas, Braga e Mafra.
Para Viana do Castelo, estão destacados sete militares para vigiar a serra de Santa Luzia, com duas viaturas, meios de comunicação, carta militar e equipamentos como binóculos e computador para georreferenciação em tempo real.
No dia desta reportagem, a viatura todo-o-terreno Toyota Hilux, em que seguia o Sargento Morte, era conduzida pelo cabo Pedro Cerqueira. E rumou pela manhã ao cimo da serra, à zona onde estão instaladas eólicas e que funciona com um dos pontos de mira. Ali, é possível, a olho nu ou com binóculos, vislumbrar tudo à volta.
“Aqui de certa forma é quase o centro da serra da Santa Luzia e a nível de horizonte é fácil verificar, com ajuda da orientação da nossa carta militar, se há focos de fumo”, explicou o Sargento, referindo que, [desde 15 de junho] até agora, têm “tido sorte”, porque não há registo de qualquer ocorrência. Contudo, é preciso estar atento, principalmente ao risco de fogo posto.
“O que pode muitas vezes acontecer e é o que, infelizmente, acontece em todo o país, é, por vezes, [haver] pessoas isoladas, que pretendem praticar esse ato malicioso de atear fogo a estas áreas florestais”, comenta, enquanto no sistema de comunicações se ouvem informações de outras patrulhas que iniciam vigilância noutras zonas de risco. Pelo rádio militar, a parelha vai também mantendo informados o Comando Sub-Regional de Emergência e Proteção Civil do Alto Minho, a GNR e os Bombeiros Sapadores de Viana do Castelo. E no teatro de operações, interage com habitantes de S. Mamede, a aldeia isolada no meio da serra e dos outros lugares no sopé da montanha, assim como com turistas e pessoas que por ali passeiam. “Toda a informação é útil. Perguntamos, porque por vezes a população e quem anda na serra sabe mais do que nós”, indica o militar.
Por vezes, nessas interações, calha até ouvirem um ou outro piropo. “Está tudo em paz. Tudo bem e olhando dois rapazes bonitos assim, avé Maria…”, respondeu uma mulher, de nacionalidade brasileira, ao ser abordada pelo Sargento Morte e pelo cabo Cerqueira, cuja missão prossegue até 30 de setembro.
A patrulha é uma das 32 que nesta altura palmilham território de norte a sul do país. Seja em ações de vigilância ou outras.
Este ano o Exército, tem protocolos com nove municípios, contam com presença de patrulhas diárias até 30 de setembro
O apoio global aos Agentes de Proteção Civil, desde 15 de maio, contempla um total de 250 militares em prontidão.
Segundo o Comandante do Regimento de Apoio Militar de Emergência, Coronel Tiago Lopes, em termos de meios, “a campanha” deste ano é equiparada à de 2023, em que os militares percorreram no país, o equivalente a seis voltas à Terra.
“É difícil mensurar a dissuasão feita pelas patrulhas, mas é uma realidade que no ano passado, conseguimos detetar 23 focos de incêndio. Utilizamos também destacamentos de engenharia na elaboração dos cortes de fogos e dos aceiros [com tratores lagarta], a capacidade de comando e controlo, e foi solicitado o módulo de alimentação e no total fizemos 1800 patrulhas de vigilância, percorrendo os quilómetros equivalentes a seis voltas ao Equador (seis vezes 40 mil quilómetros)”, afirmou o Coronel Tiago Lopes, preconizando um gradual reforço de meios no futuro. “É prioridade do Exército manter o investimento nas diferentes capacidades, que fazem parte do sistema integrado de apoio militar de emergência nos próximos anos, não só nos aumentos dos meios que estão ao seu serviço, mas também em novas tecnologias, sempre com base no duplo uso, por forma a mantermos o nosso apoio com índices de eficiência e qualidade elevados”.
Em Viana do Castelo, o Exército está presente com ações de vigilância há 14 anos, através da Escola dos serviços da Póvoa do Varzim.
