Extrema-direita é “o inimigo” e o que “mais me preocupa”. “Sebastião Bugalho tem projeto diferente do meu, apenas”
Diz que aceitou ser candidata porque "o projeto europeu está em risco". O convite, diz, "foi completamente inesperado". Vê o Chega como "o inimigo" e defende que é preciso lutar para derrotar ideias que querem destruir a Europa. Primeira parte da entrevista na TSF
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Marta Alexandra Fartura Braga Temido de Almeida Simões, natural de Coimbra, 50 anos… especialista em administração hospitalar. Desde setembro de 2022 que é deputada da bancada do PS na Assembleia da República. É presidente da concelhia de Lisboa do Partido Socialista. Ministra da Saúde de outubro de 2018, até se demitir no final de agosto de 2022. Marta Temido, sente que os portugueses têm para consigo uma dívida de gratidão ou pensa que já esqueceram o trabalho que fez na altura?
Olá, é um prazer estar aqui, quero cumprimentar com toda a solidariedade a Rádio TSF. Relativamente à questão que me coloca, os portugueses não têm comigo nenhuma dívida de gratidão, não têm nada que ter. Fiz o meu trabalho, o melhor que sabia e que pude e é apenas isso que está em causa. O projeto a que me apresento agora é um projeto que também tem bastantes desafios, a Europa tem bastantes desafios pela frente e aí penso que talvez os portugueses possam reconhecer na minha capacidade de trabalho, na minha resiliência, na minha capacidade de combate por determinados valores e princípios, aspectos que considerem positivos para a defesa do projeto europeu.
Porque é que aceitou o convite de Pedro Nuno Santos para ser cabeça de lista… porque se interessa mesmo pela Europa ou por achar que quem aguentou aquele cargo durante uma pandemia aguenta bem umas semanas de campanha eleitoral?
É uma boa questão, não, porque acho mesmo que o projeto europeu está em risco. O convite foi inesperado, foi completamente inesperado e foi inequivocamente aceite. Pela sensação de urgência. Penso que nunca houve uma eleição para o Parlamento Europeu tão importante como esta, que vamos ter nos dias 9 de junho e noutros dias, noutros países da Europa.
Por aquilo que está em causa?
Pelo que está em causa. Não é só a circunstância de termos uma guerra em solo europeu, de haver várias tensões, vários pontos de conflito em vários pontos do globo que podem ter até efeito contágio, é porque as forças políticas que estão em risco de crescer na Europa, e em Portugal isso também já é uma realidade, ameaçam o nosso modo de vida, ameaçam os nossos valores, ameaçam a ideia até de uma União Europeia, porque são contrários a essa ideia.
Disse na SIC Notícias que o seu principal adversário político não é Sebastião Bugalho ou AD, é o Chega. Porquê? Já desistiu de vencer e está a lutar por evitar que o terceiro partido seja o segundo à frente do PS?
Não, porque eu não confundo adversários políticos com adversários de uma ideia de sociedade e porque o que mais me preocupa é, evidentemente, que as forças que se situam à direita, na direita radical e que todos os dias propagam as suas mensagens de ódio, as suas mensagens de ódio aos políticos, cresçam. Sebastião Bogalho tem um projeto diferente do meu, apenas. Bastante diferente, mas ainda assim.
Portanto, bastante disponível para acordos de grande coligação e de bloco central europeu, digamos assim?
Não é isso que quero significar. O que quero dizer, objetivamente, é que há um inimigo e a Europa está sob ataque.
E está preocupada com as sondagens e com as percentagens ou intenções de voto que dão a esse “inimigo”?
Estou. Estou muito preocupada. Penso que nós temos genericamente pouca noção daquilo que está em causa. Olhamos com alguma ligeireza para a extrema-direita, que tem uma penetração nos jovens que decorre muito de um discurso atraente, que usa muito chavões, que usa a palavra fácil, que usa alguma imagem e pode ser atraente, mas que depois tem por trás projetos de transformação social que são um retrocesso. E isso preocupa-me imensamente.
Não quer dizer que não queira vencer Sebastião Bugalho, quer dizer é que a maior vitória será, obviamente, ganhar as eleições, mas reduzir aquilo que são as extremas-direitas, as direitas radicais e as complacências da direita tradicional com as direitas radicais à sua menor expressão.
Portanto, no Parlamento Europeu vai dialogar com todos, ou tem exceções que funcionem como linhas vermelhas?
Sim, há um cordão sanitário que é inultrapassável a bem da democracia, a bem da sobrevivência.
Deixe-me só voltar à questão das sondagens em relação ao Partido Socialista. Está preocupada com o que estão a dizer as últimas sondagens?
As sondagens têm apontado para algo como um empate, um empate técnico. Ora, um partido uma vez a apresentar...
Mas empate técnico quando o PS estava há algumas semanas com alguma vantagem?
Há uma tendência que eu ainda não tenho a certeza que já seja clara. Costumo ver com algum interesse as sondagens em termos das suas fichas técnicas e percebo que mais do que uma sondagem pontual, há uma tendência que eu penso que ainda não está retirada, que é importante acompanhar. Por isso é tão importante esta campanha, por isso são tão importantes estes próximos dias. As conversas, os debates, o trabalho na rua, a consciencialização.
Se são assim tão importantes, porque é que não quis um frente-a-frente com o candidato da AD?
Não, não foi uma questão de não querer um frente-a-frente com o candidato da AD.
O modelo de discussão foi bastante debatido entre as direções de campanha. Nós estamos a trabalhar há cerca de quatro semanas e temos mais duas semanas pela frente e não pareceu compatível, não era compatível ter debates para os quais as pessoas têm que estar em Lisboa, têm que se preparar mano-a-mano até à data do final desta semana. Era perfeitamente incompatível, nós vimos o calendário dos debates a quatro e percebemos que era perfeitamente incompatível. Portanto optou-se por um modelo mais alargado, no qual se acredita que há a virtualidade de tratar todos os partidos com equidade, porque um debate seria assumir que há aqui dois que são mais que os outros todos, e também garantir o espaço para o confronto de ideias.
Mas nos debates a quatro, e obviamente que isso é responsabilidade nossa, nossa dos jornalistas e dos meus camaradas que nas televisões, por exemplo, fazem a moderação desses debates, mas por vezes dá a ideia de que, apesar de estarem ali mais dois cabeças de lista, vocês quando se encontram parece que estão só a falar um com o outro, portanto mais valia terem assumido que faziam um frente-a-frente...
Percebo esse risco da leitura, mas parece-me que é muito importante que nós façamos também essa conversa com as outras forças políticas, porque há forças políticas outras com as quais temos mais pontos de convergência, com as quais temos mais pontos de divergência e até com as quais há entendimentos que podem vir a ser feitos e que é importante sublinhar naquilo que nos divide face a esses entendimentos.
Não me diga que depois do que aconteceu em 2022 o Partido Socialista está a encontrar novamente pontos de convergência à esquerda com o Partido Comunista, CDU, com o Bloco de Esquerda, com o Livre?
Nunca deixámos de ter pontos de convergência à esquerda, isso parece bastante claro naquilo que são as nossas leituras relativamente a um conjunto de matérias. Também nunca deixámos de ter pontos em que não nos conseguimos entender, infelizmente.
Desde 2019, não é? Desde que houve a maioria absoluta do PS….
Sim. Relativamente à situação nacional, aos temas nacionais, aquilo que mais nos separou dos partidos da esquerda foi sobretudo o ritmo de determinadas mudanças, que nós sempre entendemos que tinham de ser feitas garantindo um equilíbrio com um conjunto de outras metas, designadamente equilíbrios orçamentais.
Relativamente a temas mais de política externa, digamos assim, é evidente que nós temos leituras distintas relativamente à guerra da Ucrânia, é evidente que temos leituras distintas relativamente à NATO, temos leituras distintas relativamente ao próprio projeto europeu, à forma como ele deve avançar. Temos depois um outro acervo de pontos, projetos sociais, valores, que são alinhados.
Que prioridades novas leva para o Parlamento Europeu? E pergunto novas, porque como o PS fez uma limpeza total da lista de eurodeputados, presumo que seja para renovar ideias e não apenas pessoas.
Bom, os projetos que vamos defender sobretudo prendem-se muito com a visão social europeia e com o seu aprofundamento e essa é a nossa maior preocupação. Nós percebemos bem que designadamente os jovens sentem-se muito atraídos pela ideia da Europa, isso resulta bem claro quando manifestam a intenção de se pronunciarem, designadamente em eleições, mas têm no atual modelo em que vivemos grandes dificuldades e nós entendemos que a resposta para algumas dessas dificuldades têm a ganhar com uma visão comum. Estou a falar das matérias do emprego, estou a falar das matérias da conciliação da vida profissional e pessoal, estou a falar da habitação.
Que dependem sobretudo das políticas nacionais...
Mas aquilo que aprendemos sobre a Europa ao longo dos últimos anos é que há muitas matérias de competência própria dos Estados-membros, nas quais a intervenção da União Europeia tem crescido e os europeus vêem isso com bons olhos. O exemplo claro é a área da saúde, onde o papel era sempre complementar ao nível da União Europeia e muito na ótica da saúde pública. E a experiência pandémica mostrou-nos claramente que era preciso outro tipo de intervenção para dar resposta às emergências sanitárias, mas também porque os europeus reclamam melhor aos cuidados de saúde e portanto começou-se a tocar um conjunto de áreas desde o cancro à saúde mental.
Mas claro que desde que a guerra da Ucrânia começou, nomeadamente, deixamos de ouvir falar na política comum de saúde.
É verdade, é verdade.
Desapareceu completamente da agenda europeia.
Mas esse é também um bom ponto, porque as prioridades políticas têm de ser marcadas pelas forças políticas que têm assento no Parlamento Europeu e nós não estamos disponíveis para desistir da agenda social, em detrimento só daquilo que também reconhecemos como necessário que é o reforço da política de defesa e segurança. Mas o que preocupa os europeus na sua vida do dia-a-dia são os problemas da habitação, são os problemas dos estágios, são os problemas de um trabalho remunerado decentemente, adequadamente, com uma economia mais competitiva, com uma Europa que se afirma como uma potência de conhecimento, que cria espaço para uma inovação que é colocada ao serviço de todos, com projetos, por exemplo, como o das agendas inovadoras que nós aplicámos com o último Programa de Recuperação e Resiliência, que alia os setores empresariais à academia e ao tecido tecnológico para criar respostas que geram melhor emprego, economias mais especializadas, mais sofisticadas, melhores postos de trabalho para as pessoas ficarem.
Os jovens europeus, nós pensamos, os nossos jovens estão a ir para a Alemanha ou estão a ir para a Dinamarca. A má notícia é que estão a ir para o Hong Kong, estão a ir para a China, estão a ir para outros países.
Ou seja, não são só os países menos ricos da Europa, ou mais pobres se quisermos, é a própria União Europeia que está a perder capacidade de reter talento…
Exatamente, e isso é bem claro hoje em dia. Os fluxos de quadros qualificados são bastante evidentes e, portanto, nós precisamos diferenciar aquilo que é a nossa economia para reter talento e acreditamos mesmo que essa é uma das áreas em que temos que trabalhar.
A outra é, evidentemente, aquela resposta mais básica, que é a questão da habitação. Mas não passa só por aí, passa mesmo por estas dimensões e por uma outra dimensão. As famílias jovens têm outras aspirações, querem utilizar melhor o seu tempo, querem passar mais tempo com os seus filhos, querem ter maiores responsabilidades partilhadas e nós, na agenda de trabalho digno, aqui no nosso país e com aquilo que foi o nosso trabalho em termos de pacto social europeu, de pilares europeus dos direitos sociais, pusemos muitas destas prioridades na agenda europeia e temos a solidariedade e o engajamento dos socialistas europeus.
Queremos implementar, não basta ficar pelas proclamações.
E os socialistas europeus estão preparados para lidar com um Parlamento Europeu onde a direita radical populista ou a extrema-direita cresce? As duas famílias onde, embora não se dêem, não se falem quase, onde há partidos desse campo ideológico, a família do Identidade e Democracia (ID) e os Conservadores e Reformistas (ECR), os votos somados, combinados nas sondagens que têm sido divulgadas, ultrapassam até os Socialistas e Democratas (SD)…
Nas últimas sondagens já não, mas estão próximos, portanto se somarmos os últimos números a que tive acesso, embora estamos sempre a falar da mesma coisa, sondagens e proximidade…
Mas uma descida dos socialistas e democratas e um crescimento considerável desta área põe em causa esse reforço das políticas sociais?
Naturalmente, é por isso que eu digo que estas eleições europeias são importantes, não é pela guerra só às portas da Europa, é porque há uma visão para a Europa que nós defendemos e na qual estamos infelizmente muito pouco acompanhados, com forças à nossa direita que para já não acreditam no projeto europeu, comecemos logo por aí. Sejamos francos, muitos destes partidos querem, a preocupação que têm, é referendar a saída da União Europeia, têm movimentos de saída da União Europeia, outros têm movimentos de saída do euro, da moeda única e portanto há aqui, vamos dizer, à mesma mesa, no mesmo plenário, forças que querem coisas muito diferentes. Dentro daqueles que não vão por essa linha, há ainda aqueles que querem que a Europa vá numa determinada direcção mais social ou numa outra direcção mais liberal e nós sabemos muito bem de que lado é que estamos.
Reconhecimento da Palestina, sim ou não?
Reconhecimento da Palestina, sim. Solução dos dois Estados, claramente sim. A questão é como é que, que prioridades é que temos. Para nós a prioridade 1 é a inequívoca. O apelo do Secretário-Geral das Nações Unidas, cessar-fogo imediato, entrada de ajuda humanitária, direito internacional humanitário com as regras a serem cumpridas. Ponto número 2, igualmente necessário para pôr fim a uma situação que se arrasta há décadas e que se torna de dia para dia mais complexa. Até por aquilo que é a política interna de Israel. A questão do reconhecimento dos dois Estados e da voz única que na nossa perspetiva era importante que a União Europeia continuasse a ter relativamente a esse tema. Aquilo que nós sentimos é que a travagem a um avanço desse tipo de alguns Estados membros e a situação em que isso deixa os outros Estados membros que estão agora a começar a ter conversas que nós também acompanhamos, o Partido Socialista enquanto foi Governo e que levam a que a atitude de hoje não possa ser a mesma que era antes de 7 de Outubro.
Ou seja, devia ser já dia 28 alinhando a política externa portuguesa com a espanhola como tantas vezes acontece que Portugal reconheça a Palestina?
Teria sido uma boa escolha eventualmente e há declarações públicas nesse sentido do então Ministro dos Negócios Estrangeiros, Gomes Carvinho, na Assembleia da República, dizendo que havia contactos com estes países que agora estão a decidir avançar no sentido de apoiar esta posição de reconhecimento país a país, não é? Portanto, cada país fazendo a sua manifestação de reconhecimento. Não sei como é que o processo está neste momento em termos daquilo que é o posicionamento do Governo português, parece mais recuado.E portanto… Preocupação.
Paulo Rangel faz mal em esperar uma posição mais consensualizada dentro da União Europeia?
O ideal era ter uma posição consensualizada, isso não está em causa. O tema é, haverá condições para que alguns países cuja posição conhecemos, a Hungria, a República Checa, mais um ou outro, abdiquem da sua posição para nós termos uma voz única e uniforme?
Quando vemos o Alto Representante…
Mas temos a própria Alemanha…
Sim, mas tanto quanto sabemos haveria caminho que estava a ser feito e que limitava os Estados Membros com dificuldade em assumir esse reconhecimento a uma só voz, a dois ou três Estados Membros. Não sei como evoluiu a situação.
E em relação à guerra na Ucrânia? Ainda acredita na vitória militar da Ucrânia?
Bom, o que sei é que se não tivesse sido a assistência europeia não teria sido possível a Ucrânia resistir como tem resistido à ofensiva russa. É evidente que estamos a falar de uma situação que já se prolonga há demasiado tempo e isso torna de dia para dia a situação mais crítica. Não podemos abdicar de tentar encontrar, através da via diplomática também, uma solução de paz que permita que as exigências da Ucrânia, que são o reconhecimento dos seus direitos, sejam garantidas. Nós não podemos impor uma solução de paz que não seja reconhecida pela Ucrânia.
Sente que a União Europeia fez tudo o que podia pela Ucrânia?
Penso que sim. Penso francamente que sim. Aliás, esta última resposta que foi dada com a a afetação do produto das sanções financeiras ao apoio à reconstrução da Ucrânia, é mais um sinal que vai nesse sentido. Evidentemente que estamos a falar de um país em guerra e para um país em guerra que vê o seu território invadido, que vê as suas famílias destroçadas, espalhadas pelo mundo, a sofrerem ataques e a sofrerem carências de outro tipo, energéticas, alimentares, as mais diversas, nada chega. Mas isso, infelizmente, é a triste realidade da guerra.
A par desse esforço de ajuda política, económica, militar, humanitária, não tem faltado também esforço europeu no sentido de tentativa de construção da paz?
É sempre um compromisso difícil porque nós não podemos, nem devemos, nem temos condições para sermos nós a definir as condições para a paz.
E não temos porque a Europa tem falta de peso geopolítico?
Não, porque há um primeiro ator, que é o povo ucraniano, e a Ucrânia como país, que tem que escolher o seu próprio caminho e seguir a ditar as suas próprias condições. E, naturalmente que temos todo o respeito por isso e nos parece que o tema da inviolabilidade do território ucraniano é o ponto.
A Federação Russa fez testes com armas nucleares táticas nos últimos dias, junto à fronteira com a Ucrânia, mas há notícias que dizem que chegou a fazê-lo também dentro de território ucraniano que foi anexado já depois de 2022, isso é um sinal preocupante?
Claro que tudo aquilo que nós vamos sabendo, daquilo que se passa, são sinais de preocupação crescente, por isso, também por isso, é que é importante que o projeto europeu seja solidificado e não tenha dentro de si divisões, porque estaremos sempre melhores para responder, melhor posicionados para responder a uma situação de escalada.
Neste contexto geopolítico é preciso reforçar a NATO?
É um dos caminhos, mas a nossa perspetiva é também a de que a União Europeia não pode prescindir dela própria em complementaridade com a NATO, no quadro da NATO.
Ou seja, o pilar europeu de defesa…
O pilar europeu de defesa é absolutamente essencial, não pode, uma vez mais, é preterir outros pilares que são igualmente importantes, porque nós temos outras políticas que são políticas basilares da construção do projeto europeu, como a política agrícola comum, a política de coesão e parece que estamos aqui numa situação em que queremos tudo para todos ao mesmo tempo e sabemos bem que isso não é possível. Por isso é urgente terminar com conflitos, manter investimento que nos permita autonomia estratégica em termos militares, mas sobretudo vocacionar-nos para os outros aspectos do desenvolvimento.