Futuro líder parlamentar do BE promete cobrança, "no exame parlamentar", das promessas da AD feitas em campanha eleitoral, com valorização de carreiras e reposição do tempo de serviço dos professores à cabeça. Partido começa reuniões à esquerda com o PAN, segue na sexta, com o Livre, e na segunda, com o PCP.
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Se há coisa que Luís Montenegro pode esperar, já no começo da legislatura, é a cobrança das promessas eleitorais que fez, logo à cabeça com a reposição do tempo de serviço dos professores, mas não só. Fabian Figueiredo, o próximo líder parlamentar do Bloco de Esquerda, não se compromete com prazos para iniciar o teste à direita, mas promete, em entrevista à TSF, iniciar a cobrança "no exame parlamentar".
Com 35 anos, o sociólogo e dirigente nacional, foi o escolhido pela Comissão Política do partido para ser o quarto líder parlamentar da história do Bloco, sucedendo a Luís Fazenda, a José Manuel Pureza e a Pedro Filipe Soares. Sobre estes, palavras naturalmente de elogio: "Se eu for metade do que eles foram, serei um bom líder parlamentar, todos eles foram deputados extraordinários, senadores da República, deixaram a sua marca própria".
Além das promessas de "oposição determinada", típicas de quem inicia um mandato, Fabian Figueiredo não se compromete com datas para começar a testar as promessas da AD, mas é óbvio que elas vão chegar já no início da legislatura. "Cobraremos à direita todas as promessas que fez, é importante que, no exame parlamentar, se veja se há ou não disponibilidade para aumentar salários, aumentar pensões e garantir que os funcionários públicos vêem as suas carreiras valorizadas", vinca.
"O programa do Bloco norteará a prioridade do trabalho parlamentar. É importante que, de uma vez por todas, se encerre o capítulo de conflitualidade na escola pública, é preciso de uma vez por todas recuperar o tempo de serviço", nota o futuro deputado que começa esta quarta-feira a acompanhar Mariana Mortágua no périplo de reuniões com os partidos ecologistas e de esquerda.
Com apenas a reunião com o PS por agendar (Livre será na sexta-feira; PCP, na segunda), Fabian Figueiredo destaca que era "necessário abrir uma porta de diálogo entre todos estes partidos" para, não só, fazer o balanço das eleições, mas também garantir "manifestações históricas em todo o país" nos 50 anos do 25 de Abril.
Mas, em concreto, serão possíveis alinhamentos no campo parlamentar? "O Bloco diz sempre que sim a todas as convergências parlamentares e temos muito para debater no campo do Estado Social, na habitação, na transição climática, na garantia dos direitos fundamentais, na salvaguarda dos direitos constitucionais. Há muito espaço para convergência e nós levaremos ao limite do possível todo esse espaço de convergência", promete.
Quando tomar posse, à sua frente, no hemiciclo, vai ter uma bancada do Chega bem reforçada e Fabian Figueiredo assume que essa vai ser outra batalha que o partido continuará a travar. "O Bloco faz combate político às ideias do Chega e denuncia a sua hipocrisia", sublinha Fabian Figueiredo apontando também que "o Chega é um partido que, arrogando-se de um discurso anti-sistema, é financiado pelos maiores beneficiários do sistema".
"Foi muito pela mão do Bloco de Esquerda, da sua coordenadora Mariana Mortágua, que o país ficou a conhecer a lista de milionários que financiam o Chega e cujos interesses o partido representa, por isso é que, aliás, apresenta uma reforma do IRS e do IRC que beneficia sobretudo os milionários que metem dinheiro no partido", lembra o bloquista que garante que "não deixará de pôr o dedo na ferida sobre a hipocrisia da extrema-direita".