Perante a polémica das relações familiares no Governo, Carlos César encontra no programa "Almoços Grátis" uma oportunidade para se justificar e o PSD atira-se a Marcelo Rebelo de Sousa.
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Carlos César diz que, ao contrário do que políticos e comentadores têm feito parecer, a sua história de família em cargos públicos é "muito simples".
No programa da TSF Almoços Grátis, o líder parlamentar do PS encontra o que diz ser "uma oportunidade única na minha vida de a poder explicar":
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"A minha mulher é funcionária pública desde o final da década de 1970 na Biblioteca Pública Nacional. Nunca auferiu mais um cêntimo nas funções que desempenhou enquanto eu fui presidente do governo [regional], sempre recusando qualquer abono de chefia ou de horário na função publica durante esse período."
Luísa César preside ainda a estrutura de missão para a Casa da Autonomia nos Açores. "Também sem qualquer aumento remuneratório e nomeada para o efeito já bem depois de eu sair" do governo regional, assegura Carlos César.
"O meu filho nunca desempenhou funções de nomeação; a minha nora é chefe de gabinete de um membro do governo regional, também nomeada já depois de eu sair do governo regional", continua.
Já Horácio César entrou na política vários anos antes do irmão Carlos César, e o último admite que pode ter sido até inspirado pelo irmão para seguir o caminho da política.
"O meu irmão está aposentado há vários anos. Foi assessor de Jaime Gama, de quem é amigo pessoal, antes ainda de eu ser deputado regional, nos anos 1980."
Nenhum deles tem emprego por sua influência, garante. "É fácil caluniar, dizer uma mentira, mas é muito difícil arranjar espaço e tempo para justificar", condena.
O líder parlamentar do PS subscreve as palavras de António Costa em entrevista à TSF sobre a polémica das várias relações familiares no Governo: o que interessa é que "aqueles e aquelas que preencham determinados cargos sejam pessoas competentes".
Carlos César diz compreender a que "conhecendo melhor as pessoas" haja a tendência para as nomear nos sucessivos governos. É uma discussão legítima do ponto de vista politico e partidário, mas deixa de ser "racional" quando passa para o plano "pessoal", critica.
Por sua vez, David Justino considera que a posição de Marcelo Rebelo de Sousa, que relembrou que as duas realidades - familiar e política - não devem ser confundidas, não foi a melhor.
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"O Presidente da República teve uma intervenção menos feliz no que diz respeito a esta matéria", condenou o social-democrata.
"Tenho sobre essa matéria uma posição muito pessoal, ao longo da minha vida política e também agora no exercício da presidência, que é o entender que família de Presidente não é Presidente . E portanto nisso peco por excesso, no sentido de entender que deve haver uma visão, sobretudo num órgão unipessoal como é o Presidente, mas tem marcado a minha vida, que é de não confundir as duas realidades", referiu Marcelo Rebelo de Sousa.
Para David Justino, também "a tentativa de desvalorização cai mal no Governo" e "irrita quem está a ouvir" dizer que a existência de relações familiares no seio do Governo não é relevante.
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Com Anselmo Crespo e Nuno Domingues
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