Às eleições autárquicas apresentam-se oito candidatos. Acompanhe o debate, a partir das 16h00 deste sábado, na TSF
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Em Faro, o abandono a que está sujeito o espaço público é uma das principais queixas escutadas pelos candidatos às eleições autárquicas, quando andam pela cidade e pelo concelho. “É uma vergonha”, diz um munícipe. "Esta rua foi alcatroada há um mês para nos encher os olhos", denuncia ainda. Outra pessoa ali perto fala do mau estado das calçadas, da sujidade e do abandono dos espaços verdes. Sentada numa esplanada, a dona Matilde, com 79 anos, afirma que nunca viu a cidade assim: "Falta de tudo um pouco: as ruas arranjadas, as fontes a funcionarem para embelezar a cidade... Oxalá o presidente que venha tenha consciência que somos a capital do Algarve."
A Câmara Municipal de Faro é governada há 16 anos pelo PSD e há 12 pelo autarca Rogério Bacalhau, que não se recandidata por ter atingido o limite de mandatos. Como candidato social-democrata avança Cristóvão Norte, presidente da Assembleia Municipal e deputado. Apresenta-se com a coligação “Faro Capital de Confiança” que, além do PSD, agrega o CDS, a Iniciativa Liberal, o PAN e o Movimento Partido da Terra.
Cristóvão Norte admite que os munícipes critiquem a forma como tem sido negligenciado o espaço público e promete fazer melhor do que o atual autarca, criando “brigadas especializadas para resolver o problema das calçadas, dos buracos, das centenas de viaturas abandonadas, para dar orgulho e brio à cidade”.
Além de Cristóvão Norte, há outros dois candidatos que estão habituados às lides políticas: António Miguel Pina, do Partido Socialista, é ainda o presidente da Câmara Municipal de Olhão e da Comunidade Intermunicipal do Algarve. Vem de uma câmara onde já não se pode recandidatar para se apresentar a eleições no concelho vizinho. Já o Chega aposta forte num candidato que não é de Faro, nem da região. É Pedro Pinto, líder parlamentar do partido, que aparece em cartazes por todo o concelho, ao lado de André Ventura, com a frase inspirada no slogan de Trump: “Tornar Faro Grande Outra Vez.” Pedro Pinto nunca se disponibilizou para prestar declarações à TSF.
Os outros candidatos, cujos partidos têm assento na Assembleia Municipal, não exercem cargos políticos. O advogado Duarte Baltazar apresenta-se pela CDU e José Moreira, professor universitário, pelo Bloco de Esquerda. Ambos são também da opinião que a cidade, capital do Algarve, merecia ter outro rosto.
“Julgo que este é o principal ponto que se pode apontar à gestão do presidente Rogério Bacalhau: é o descuido com o espaço público”, critica o candidato bloquista. "O concelho merece e pode ter muito mais do que isto", acredita.
“As pessoas sentem isso, que as ruas estão cheias de buracos, as calçadas idem, não é feita manutenção nos jardins, nos espaços verdes...”, critica, por sua vez, o candidato comunista.
A Habitação é outra das grandes prioridades dos candidatos a Faro, numa região onde o preço das casas está ao nível de Lisboa e os arrendamentos são praticamente incomportáveis para a bolsa da maioria dos munícipes. Todos os candidatos são unânimes em afirmar que o Estado Central não pode abandonar as autarquias à sua sorte e tem de investir neste setor. António Miguel Pina fala em reabilitar fogos e construir outros mil nas zonas rurais do concelho, a custos controlados. Destaca que o caminho é também apostar no movimento cooperativo para construir casas.
Cristóvão Norte, do PSD, critica a meta dos socialistas, considerando-a muito ambiciosa e apresenta outros números: propõe-se construir 500 casas em quatro anos de mandato.
José Moreira, do Bloco de Esquerda, defende que há necessidades urgentes, como apoiar o arrendamento e colocar no mercado a preços justos algum património imobiliário que a câmara possa deter.
Duarte Baltazar, da CDU, assinala que a construção de habitações cabe ao Governo, mas realça que a autarquia pode fazer "a gestão patrimonial e social do parque habitacional, e a promoção de rendas condicionadas e habitação a custos controlados, preferencialmente através do movimento cooperativo".
No espaço público, o candidato socialista apresenta um projeto para fazer a longo prazo: um grande espaço verde, que inclua também zona desportiva, perto do polo da Penha da Universidade do Algarve.
A zona da Horta da Areia, um espaço privilegiado pela sua vista para a Ria Formosa, mas muito degradado e onde vivem famílias em barracas, é outro dos problemas que subsiste na cidade, que é sempre tema recorrente nas eleições, mas nunca tem solução. "Aquilo envergonha qualquer farense, defendemos a reabilitação urgente daquela zona”, afirma o candidato da CDU. António Miguel Pina refere que "aquela zona podia ser o concretizar de um grande sonho dos farenses, de desfrutar da zona ribeirinha". Cristóvão Norte afirma que é necessário um plano de pormenor para a zona, eliminando zonas industriais degradadas e abandonadas, dinamizando um polo de investigação.
Nas últimas eleições a coligação liderada pelo PSD ganhou com maioria absoluta obtendo cerca de 48% dos votos e seis mandatos, o PS foi a segunda força com três mandatos e a CDU conseguiu manter-se em terceiro lugar, embora não elegendo qualquer vereador.
Às eleições para a Câmara Municipal de Faro apresentam-se igualmente mais três partidos que ainda não têm assento na Assembleia Municipal: o Livre, o ADN e o Volt.