"Fazer parada militar no 25 de Novembro para quê? Querem copiar o que Salazar fazia no Terreiro do Paço?"

Vasco Lourenço
Patrícia de Melo/AFP (arquivo)
O Capitão de Abril Vasco Lourenço admite que "não respeita nada" um Governo que coloca em cima da mesa comemorar o 25 de Novembro e questiona: "Fazer uma parada militar no 25 de Novembro para quê?" Já Paulo Núncio, do CDS, diz que estas declarações são uma "fantochada"
O presidente da Associação 25 de Abril, Vasco Lourenço, admite que "não respeita nada" um Governo que coloca em cima da mesa comemorar o 25 de Novembro com uma parada militar que faz lembrar os tempos de Salazar: "Qualquer dia estamos a comemorar o 28 de maio."
"Fazer uma parada militar para quê? Querem copiar o que Salazar fazia no Terreiro do Paço durante a guerra colonial, no 10 de Junho? Isto é uma palhaçada", comentou o coronel, esta terça-feira, no programa da TSF Na Ordem do Dia.
Questionado sobre a equiparação das comemorações do 25 de Novembro de 1975 e do 25 de Abril de 1974, Vasco Lourenço confessou que espera "que a política não evolua como tem evoluído nos últimos anos, de regresso ao passado".
"Qualquer dia estamos a comemorar o 28 de maio, porque quem está no poder, pelos vistos, é disso que gosta", atirou.
Vasco Lourenço sublinhou ainda que "o 25 de Abril é liberdade e democracia, não uma fantochada como se está a fazer" com a comemoração do 25 de Novembro.
"Eu gostava de ter respeito, mas neste momento não respeito nada face à maneira como eles se comportam."
Também no programa da TSF Na Ordem do Dia, o deputado Paulo Núncio classificou estas declarações de Vasco Lourenço como "a verdadeira fantochada".
"Demonstram o profundo desrespeito pela casa da Democracia. Para o CDS, Novembro não se fez contra Abril. (...) A ausência de alguns não traz qualquer novidade. São aqueles que nunca acreditaram numa democracia parlamentar em Portugal e que acharam sempre que o país nunca ia ter uma democracia como aquelas que são conhecidas na Europa Ocidental. Já não participaram na sessão do ano passado e, para nós, não é surpresa nenhuma que não participem nesta cerimónia", disse.
Os acontecimentos do 25 de Novembro, em que forças militares antagónicas se defrontaram no terreno e venceu a chamada ala moderada do Movimento das Forças Armadas (MFA), marcaram o fim do chamado Período Revolucionário em Curso (PREC).
