"Fica mal" a Rangel "desvalorizar" documento: PS reforça pedido de esclarecimento sobre oposição a referência à fome em Gaza na CPLP
Paulo Rangel acusou o PS de hipocrisia porque, afirma, o Governo de António Costa aprovou a venda de armas a Israel, já com a operação militar em curso. À TSF, o socialista João Torres admite não ter "elementos concretos de informação a esse respeito"
Corpo do artigo
O PS reforça o pedido de esclarecimentos ao Governo sobre a oposição à inclusão do direito dos palestinianos à alimentação, na declaração final do Conselho de Segurança Alimentar da cimeira da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
Numa entrevista à Sic Notícias, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, garantiu que não fez desaparecer nenhuma referência à Faixa Gaza e que Portugal, inclusivamente, quis incluir vários conflitos, entre os quais o israelo-palestiniano, na declaração final da cimeira da CPLP.
Segundo o jornal Público, Portugal opôs-se à referência à insegurança alimentar dos palestinianos de Gaza na declaração final do Conselho de Segurança Alimentar da cimeira da CPLP. Paulo Rangel disse que esse caso diz respeito a um “documento marginal” da cimeira, onde não fazia sentido constar conflitos concretos e acusou o PS de hipocrisia porque, afirma, o Governo de António Costa aprovou a venda de armas a Israel, já com a operação militar em curso.
Confrontado pela TSF com estas declarações, o deputado do PS João Torres defende que as palavras de Paulo Rangel não foram suficientes e lamenta que o ministro "desvalorize" a questão.
"Perante uma notícia de um órgão de comunicação social, que dá conta de que Portugal insiste — na citação, "fez finca pé"— para retirar de um documento, que não era o documento mais importante, resultante da cimeira, mas que o ministro dos Negócios Estrangeiros designou 'documento marginal', e isso não me parece que seja uma atitude correta, na medida em que Portugal, aparentemente, esteve mesmo focado em retirar a Palestina de um documento que não deixa de ter a sua importância", sustenta.
O socialista argumenta que também "fica mal" estar a "desvalorizar-se" o documento e garante que em causa sempre esteve a declaração final do Conselho de Segurança Alimentar e "nenhum outro".
"Nunca esteve em causa a declaração de Bissau. Vamos manter o requerimento para a audição do senhor ministro dos Negócios Estrangeiros, e vamos fazê-lo no início da próxima relação legislativa", insiste.
Quando à acusação de que o Governo do PS aprovou a venda de armas a Israel em 2024, João Torres admite não conseguir esclarecer.
"Com toda com toda a sinceridade, não disponho de elementos que vão ao encontro disso. Não disponho de elementos concretos de informação a esse respeito", afirma.