Fim do "não é não"? Declarações de Montenegro sobre responsabilidade do Chega são "mais um passo na normalização da extrema-direita"
Em declarações à TSF, Eurico Brilhante Dias garante que "o PSD não tem de se entregar nos braços da extrema-direita para governar", mas efetivamente está a fazê-lo
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Eurico Brilhante Dias acusa o primeiro-ministro de estar a "normalizar" o Chega. É, desta forma, que o líder parlamentar do Partido Socialista (PS) reage na TSF às declarações de Luís Montenegro, numa entrevista à Antena 1.
No programa “Política com Assinatura” da Antena 1, o primeiro-ministro manifestou-se surpreso com a ameaça do PS de romper com o Governo, dizendo que este partido “não está habituado” a ser oposição, e considerou que o Chega “está a começar a mostrar” maior responsabilidade.
Esta declaração de Montenegro é "mais um passo na normalização da extrema-direita". Aliás, tal como aponta Brilhante Dias, o primeiro-ministro diz mesmo que o partido político de André Ventura já "está normalizado há muito tempo na vida política portuguesa".
"O problema não é a normalização de uma força política, mas das suas ideias", acrescenta.
Além disso, é também "mais um capítulo no processo de construção de um bloco de direita, de um bloco radical". O socialista garante que "o PSD não tem de se entregar nos braços da extrema-direita para governar", mas efetivamente está a fazê-lo.
Avisa igualmente que, se o Governo escolhe a extrema-direita como aliado, não conta com o PS — uma ideia já transmitida pelo secretário-geral socialista, José Luís Carneiro.
A razão? "Seria uma traição não só aos nossos princípios e valores, mas uma traição ao próprio eleitorado do Partido Socialista. Já agora, [seria também] uma traição ao eleitorado do PSD. Quem votou no PSD votou no 'não é não'."