"Foi por reconhecimento", diz Santana Lopes sobre a recondução à frente da SCML
O antigo primeiro-ministro acredita que foi reconduzido na liderança da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa não por interesse, mas sim por reconhecimento pelo trabalho realizado.
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Pedro Santana Lopes não acredita em segundas intenções por parte de António Costa ao reconduzir o primeiro-ministro como provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML), com as eleições para a Câmara Municipal de Lisboa a realizarem-se já para o ano.
"Sou um cidadão no pleno uso dos meus direitos mas o meu dever neste momento é fazer o mandato da Santa Casa. O dever é corresponder à confiança que me foi depositada. É mais bonito quando é por amor do que por interesse, costuma dizer o povo. Acho que não foi por interesse mas sim por reconhecimento".
Quando questionado se esta não teria sido uma decisão estratégica de António Costa, o provedor da SCML admitiu que as suas "corridas são outras. Agora tenho é de colaborar bem com a Câmara de Lisboa como tem acontecido até aqui. O meu mandato é de três anos e isso que de que está a falar é já para o ano e, portanto, são pensamentos que nem me ocorrem porque não tenho tempo para eles. Já foi tempo", sentenciou.
Por sua vez, António Costa elogiou o trabalho de Pedro Santana Lopes como provedor da SCML, reiterando a "confiança do governo na equipa" que esta sexta-feira tomou posse na instituição.
Na sua intervenção na cerimónia, esta manhã em Lisboa, Costa sinalizou a "total disponibilidade" do executivo para trabalhar "em conjunto" com a Santa Casa "tendo em vista o objetivo central da ação desta instituição: combater a pobreza e a exclusão em prol de uma sociedade mais justa".
E acrescentou: "Vivemos tempos que transportam consigo renovados desafios para a construção de uma sociedade mais justa, inclusiva e solidária".
António Costa falava numa plateia que contava com o presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina, vários deputados, autarcas locais, vereadores municipais e quadros da Santa Casa.
O chefe do Governo teceu também elogios ao "inestimável contributo" da Santa Casa no "minorar dos efeitos da crise junto dos mais desprotegidos", nomeadamente crianças, idosos, pessoas sem-abrigo e doentes.
António Costa demonstrou ainda "muita satisfação" pela nova composição dos órgãos da Santa Casa incorporarem "um membro da Mesa indicado pela Câmara de Lisboa".
"É o concretizar de uma ambição que sei que conjuntamente partilhávamos", disse, referindo-se a si e ao provedor Pedro Santana Lopes.
Antes das palavras do chefe do Governo, o ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Vieira da Silva, lembrou e enalteceu o "papel múltiplo, complexo e exigente" da SCML: "Dificilmente seria de outra forma numa casa que tem mais de 500 anos", advogou o governante socialista.
No final da cerimónia, o presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, cuja presença não estava anunciada, endereçou também cumprimentos ao provedor da Santa Casa, cumprimentando também António Costa quando este e Santana Lopes abandonavam o interior do edifício da SCML.
O Governo anunciou no início do mês a renovação do mandato da Mesa da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa para o triénio 2016-2019, após a saída de dois elementos, com Pedro Santana Lopes a manter-se como provedor da entidade.
"Na base da renovação está a confiança que o primeiro-ministro e o ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, que tutela a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, depositam nos atuais membros da Mesa, bem como uma perspetiva de coesão da equipa dirigente da SCML, após a saída do vice-provedor e de um dos vogais", explicou o executivo então.
A nova composição da Mesa da SCML reflete agora "uma relação de cooperação mais estreita entre" a Santa Casa e a Câmara de Lisboa, que indicou o vogal Sérgio Cintra para a Mesa da instituição.
Pedro Santana Lopes, antigo primeiro-ministro e presidente da Câmara de Lisboa, é provedor da Santa Casa desde 2011, e é acompanhado no triénio 2016-2019 por Edmundo Martinho, ex-presidente do Instituto de Segurança Social, como vice-provedor.