"Foi uma atoarda." Carneiro diz que Governo "ofendeu" centrais sindicais e os trabalhadores

José Luís Carneiro, secretário-geral do PS
José Coelho/Lusa (arquivo)
"A UGT não pode ser útil quando apoia as intenções do Governo e, por outro lado, ser ofendida quando diverge dos interesses do Governo", critica o líder do PS
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O secretário-geral do PS, José Luís Carneiro, considera que o Governo "ofendeu" as centrais sindicais e os trabalhadores quando disse que a convocação da greve geral serve para "olhar para interesses" do PCP e do PS.
"Aquilo que o Governo disse e que disse o primeiro-ministro foi uma atoarda contra valores consagrados há 50 anos. Nomeadamente desde 1976, todos sabem que esteve no Partido Socialista uma das principais iniciativas políticas para garantir a independência, a pluralidade e a diversidade da representação sindical. A UGT é uma instituição que merece o respeito de todas e de todos os portugueses, porque em todos os momentos. E sempre que sentiu que havia ofensas graves aos trabalhadores. Esteve em regra nas manifestações", disse o líder socialista, considerando que Montenegro "faltou ao respeito aos trabalhadores portugueses e à UGT.
O secretário-geral do PS lembra a Luís Montenegro que a UGT também conta com militantes do PSD e as centrais sindicais têm independência perante os partidos.
"Recordo ao primeiro-ministro que a UGT e a sua composição tem trabalhadores sociais-democratas que já se pronunciaram publicamente contra as intenções do Governo e tem trabalhadores de várias identidades políticas e ideológicas: sociais-democratas, militantes do PSD, trabalhadores sociais-democratas, tem socialistas, tem independentes e é essa expressão plural que o Governo e o primeiro-ministro ofenderam", explica.
Uma ofensa que contrapõe com aquilo que aconteceu no ano passado: "Há muito pouco tempo, quando houve um acordo de rendimentos entre a AD e os e os trabalhadores em sede de concertação social, a UGT apoiou esse acordo de rendimentos. Ora, portanto, a UGT não pode ser útil quando apoia as intenções do Governo e, por outro lado, ser ofendida quando diverge dos interesses do Governo. Mostra, do meu ponto de vista, uma visão pouco democrática, pouco tolerante e até desconhecedora da história e do significado do pluralismo na vida sindical."
Em causa está a reforma laboral que o Governo quer aprovar no Parlamento. A ministra do Trabalho até já admitiu que o Chega pode ser parceiro
"Não tem denodo em fazer os acordos que muito bem entende, violem eles os valores fundamentais, coloquem em causa princípios humanistas, coloquem em causa valores e princípios democratas-cristãos, sociais-democratas, trabalhistas. Já verificámos que o Governo, desse ponto de vista, perdeu a vergonha há muito", critica José Luís Carneiro.
A UGT e a CGTP juntam-se para uma greve geral a 11 de dezembro contra a reforma laboral que, alertam, tira direitos aos trabalhadores.