"Foro judicial não estava em apreciação." Marcelo diz que "juízo coletivo reforçou confiança" em Montenegro
Na posse do Governo, o Presidente da República preferiu enumerar as "lições" que as eleições de 18 de maio deram ao poder político, desde a penalização do PS até à imigração
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O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, depois de dar posse aos 16 ministros do novo Governo, desejou as "maiores felicidades" ao novo elenco do Executivo.
Começando por apresentar as "lições" que as eleições de 18 de maio deram, iniciou pela falsa questão de os portugueses se absterem por cansaço e congratulou todos os que foram votar.
Marcelo Rebelo de Sousa diz que "o juízo coletivo" reforçou a confiança em Luís Montenegro, dizendo que os resultados referem-se "aos juízos políticos" e não aos "juízos judiciais".
"Foi uma vitória impressiva (...) mas não foi um cheque em branco. Os portugueses premiaram o que consideraram melhor, o mais seguro e o menos arriscado de todos os caminhos, mas sem quererem converter o crédito adicional em crédito ilimitado", afirma.
Marcelo diz que os portugueses "penalizaram" o "partido pilar do centro-esquerda", dizendo que não é um fenómeno novo na democracia portuguesa.
"Na Europa, os chamados moderados de centro-direita e centro-esquerda começaram mais cedo a perder peso e a dividirem-se", nota o Presidente da República, explicando que essa mudança já era visível na "primeira década do século XXI".
Marcelo diz que "o que alguns cientistas políticos classificam como trumpismo", cruza-se com "orientações similares no poder em Estados sul-americanos e europeus", dizendo que o mesmo fenómeno chegou a Portugal em 2017 e 2018, nomeadamente com a divisão do "partido pilar do centro-direita em quatro" e a "multiplicação de sindicatos independentes das centrais sindicais".
2019 e anos seguintes até hoje "confirmaram a divisão do centro-direita", mesmo que o PSD tenha vencido duas eleições ao mesmo tempo que uma força "antissistémica" crescia no Parlamento.
"De 2017 a 2019, os problemas mais urgentes a resolver ainda eram o termo do processo de défice excessivo e a crise do sistema bancário e a descoberta de um país esquecido com a tragédia dos fogos florestais. O sistema, ainda que descaído à esquerda, resistiu ou pareceu resistir e venceu", analisa.
Marcelo Rebelo de Sousa exaltou a união do sistema que resistiu e venceu a pandemia e considera que, de 2022 a 2025, "foi um galope" e "estruturas sociais então tremeram", enunciando o crescimento de imigrantes em Portugal.
"Isto mais a criação de uma tensão crescente em quem sabe ao mesmo tempo que a economia e a sociedade precisam de mais abertura, circulação de pessoas e mão de obra, mas adere instintivamente ao medo, à incompreensão e rejeição perante os que entraram, embora muitos se tenham integrado em criação de emprego e contribuições para a segurança social", aponta.