Fracasso no concurso dos meios aéreos. Helicópteros nas mãos do Estado são solução?

Salto 04/10/2010 - Um grupo de caminheiros ficou retido em Carris, na Serra do Gerês, no Parque Nacional Peneda-Gerês. O mau tempo de Domingo não permitiu que o grupo continuasse a sua aventura de fim de semana, nem permitiu o resgate por parte dos Bombeiros Voluntários de Salto, que se deslocaram ao local. Apenas hoje de manhã foi possível localizá-los e resgatá-los com a ajuda de um helicóptero Kamov. Na foto: Equipa de resgate chega ao campo de futebol de Salto, transportados pelo helicóptero que já tinha trazido os caminheiros. (Paulo Jorge Magalhães/Global Imagens)
Paulo Jorge Magalhães/Global Imagens
A falta de metade dos meios aéreos necessários para o combate aos incêndios foi o ponto de partida para o debate no Fórum TSF.
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O PCP considera que o Estado não pode ficar dependente de particulares em relação aos meios de combate ao fogo, e que deve investir em meios próprios para combater o fogo.
O Estado voltou a falhar o segundo concurso de aluguer de aviões e helicópteros. Dos 40 meios aéreos pretendidos pelo Governo, só vão ser contratados 12, porque as propostas apresentadas ultrapassaram, em muito, o valor limite fixado pelo governo.
Jorge Machado, deputado do PCP, disse no Fórum TSF que o fracasso no concursos comprova "a absoluta necessidade de o Estado garantir os seus próprios meios aéreos".
"Estamos a assistir a uma cartelização que leva à inflação dos preços por parte dos operadores privados, numa tentativa de 'sacar' o máximo possível ao Estado", afirmou o deputado comunista.
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O deputado comunista responsabiliza o PS e, acima de tudo, o PSD e o CDS-PP pela situação.
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O Ministério da Administração Interna (MAI) já admitiu avançar para ajustes diretos nos aviões e helicópteros de combate ao fogo, uma opção que deve comportar encargos bem superiores.
Já o CDS-PP considera "particularmente grave" o facto de o Governo ter falhado a contratação de meios aéreos, considerando ainda "extremamente preocupante" o encerramento do hangar.
"Já perguntei ao sr. ministro Eduardo Cabrita, mais do que uma vez, se ele não estava preocupado que nenhum dos Kamov estivesse a voar. Agora não só não estão a voar, como o hangar foi selado", disse o deputado Telmo Correia.
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No Fórum TSF, Telmo Correia enumerou ainda outras das preocupações do CDS: "A formação dos GIPS [Grupo de Intervenção de Proteção e Socorro], ou seja, os homens da GNR - que supostamente agora terão um papel muito importante - não está concluída e é insuficiente; os bombeiros admitem pôr reservas à sua participação porque não sabem exatamente a definição de missões; a nova lei da Proteção Civil, que o Governo anunciou, está atrasada; a natureza pública do SIRESP não está fechada", refere Telmo Correia, sublinhando que estas são matérias que deveriam estar fechadas até ao final deste mês.
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Também o Bloco de Esquerda se mostra muito preocupado com a falta de meios aéreos e o encerramento do hangar dos Kamov.
"O sistema de planeamento e ordenamento da floresta não existe. Não há medidas concretas", afirmou o bloquista Pedro Soares, no Fórum TSF.
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Por sua vez, o PSD acusa o Governo de estar a "brincar com o fogo". O deputado social-democrata Carlos Peixoto disse que o executivo socialista tem estado a "apanhar bonés" em relação aos incendidos, porque se "obstinou com cativações e com a redução da despesa pública".
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José Miguel Medeiros, deputado do PS, respondeu às críticas em relação à falha na contratação de meios aéreos. No Fórum TSF, o socialista defendeu que o ano de 2017 "não foi um ano normal".
"O Governo ainda estava, em outubro, a estender concursos do ano anterior para reforçar aquilo que se estava a passar. Como é que podia estar já a lançar novos concursos?", questionou José Miguel Medeiros, acrescentando que estes concursos são "processos muito complexos".
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"Desdramatizar" fracasso no concurso
Para Paulo Fernandes, investigador do Departamento de Engenharia Florestal, da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, os meios aéreos são apenas um instrumento "complementar" no combate às chamas.
Ouvido no Fórum TSF, o especialista defende que que "não é por haver maior ou menor disponibilidade de meios aéreos" que existe uma capacidade muito mais substancial de extinguir os incêndios.
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