O chefe de Estado francês chegou ao Palácio de Belém pelas 13h30, 45 minutos mais tarde do que o previsto, onde foi recebido por Marcelo Rebelo de Sousa, com honras militares.
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No Pátio dos Bichos, François Hollande e Marcelo Rebelo de Sousa ouviram os hinos nacionais de França e de Portugal e passaram em revista a guarda de honra.
Depois, os dois chefes de Estado subiram a escada que dá acesso à Sala das Bicas, onde tiraram uma fotografia com as bandeiras de França, de Portugal e da União Europeia por trás, e François Hollande assinou o livro de honra.
Na mensagem que deixou no livro de honra do palácio de Belém, o Presidente francês considerou que Portugal e França "partilham os mesmos valores de liberdade e a mesma visão da Europa", acrescentando que a sua visita "testemunha a profunda amizade que une os dois povos nestas circunstâncias difíceis que a França vive".
Hollande e o Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, estiveram reunidos cerca de 30 minutos, antes de um almoço de trabalho.
Os dois presidentes seguiram para um encontro a sós, após o qual haverá um almoço de trabalho em que estará também o primeiro-ministro, António Costa.
No final, Marcelo Rebelo de Sousa e François Hollande prestarão declarações à comunicação social.
O Presidente da República francesa realiza esta terça-feira uma curta visita de trabalho a Portugal, que inclui também uma reunião com António Costa, que estava marcada para as 14h45, na residência oficial do primeiro-ministro.
Esta deslocação de François Hollande a Portugal foi encurtada e todos os eventos festivos foram cancelados, na sequência do atentado que matou 84 pessoas em Nice.
Pelo mesmo motivo, Hollande cancelou parte de uma digressão europeia para discutir o 'Brexit', e já não viajará para a Áustria, a Eslováquia e a República Checa na quarta-feira, mantendo apenas visitas a Portugal e à Irlanda, na quinta-feira.
Presidente francês defende reforço da segurança na UE
O Presidente francês, François Hollande, defendeu um reforço da segurança na Europa, para garantir a manutenção dos valores da liberdade e da democracia.
"No quadro do novo impulso que pretendemos dar à construção europeia, a primeira prioridade é a proteção, a defesa a segurança das nossas fronteiras", declarou, no final de um encontro com o chefe de Estado português, Marcelo Rebelo de Sousa, no palácio de Belém.
"Há atualmente um dever maior que devemos cumprir: proteger os europeus, que é o meu dever, e proteger os europeus, que é a nossa responsabilidade", sublinhou Hollande, em declarações aos jornalistas ao lado de Marcelo Rebelo de Sousa.
Marcelo condena eventual adoção da pena de morte pela Turquia
O Presidente português condenou a eventual adoção da pena de morte pela Turquia, declarando que Portugal espera que haja estabilidade e paz naquele país, mas também respeito pelos princípios do Estado de direito.
"Um dos princípios fundamentais do Estado de direito democrático é, para Portugal, que foi dos primeiros países do mundo a abolir a pena de morte, a não admissão da pena de morte", frisou o chefe de Estado português.
Questionado sobre os recentes acontecimentos na Turquia, que responsáveis europeus qualificaram de deriva autoritária, o Presidente português respondeu que, "sobre a situação turca, a posição portuguesa é clara".
"Portugal entende que deve vingar a estabilidade, a serenidade, a paz e a unidade do Estado turco, mas também o respeito dos princípios fundamentais do Estado de direito democrático", afirmou.
O Presidente português acrescentou que, para Portugal, "a não admissão da pena de morte" é um desses princípios fundamentais.
"Na visão portuguesa constitucional, desde sempre, na construção do Estado de direito democrático, esteve a preocupação com o não acolhimento da pena de morte no ordenamento jurídico português", reforçou.
Antes, numa intervenção de dois minutos e meio, Marcelo Rebelo de Sousa referiu-se a François Hollande como "um amigo de Portugal e dos portugueses" e agradeceu-lhe "do fundo do coração" por visitar Portugal "na situação complexa, difícil, vivida em França".
"Queria exprimir-lhe uma vez mais como todo Portugal e todos os portugueses partilharam e partilham a dor pelo bárbaro atentado de Nice e acompanham naturalmente os momentos vividos por uma pátria que é amiga de Portugal e com a qual temos relações fraternas muito antigas", disse.
Marcelo Rebelo de Sousa lembrou que as relações com a França vêm desde a fundação de Portugal: "O pai do nosso primeiro rei era um conde francês e a França foi aliada de Portugal no período essencial de afirmação da nossa independência, na primeira dinastia, também chamada dinastia de Borgonha".
"E hoje temos uma aliança que durou estes séculos e em que partilhamos os mesmos valores, da liberdade, da democracia, do Estado de direito. E além disso partilhamos visões comuns sobre a União Europeia, a Aliança Atlântica, a construção da paz no mundo, o desenvolvimento económico e social, o crescimento e o emprego, a solidariedade no quadro europeu", prosseguiu.
Dirigindo-se para François Hollande, Marcelo Rebelo de Sousa concluiu: "Isto para dizer, senhor Presidente, que aquilo que nos aproxima é tão forte, tão intenso que tê-lo aqui entre nós é um motivo de júbilo e de gratidão que eu queria exprimir em nome do povo português".