"Fraude absoluta." Ventura denuncia assinaturas falsas em petição para queixa-crime contra deputados do Chega
O líder do partido denuncia que a petição "está espalhada" de "pessoas com e-mails e identidades que não existem"
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O líder do Chega, André Ventura, considerou, esta segunda-feira, que a petição pública associada à queixa-crime contra os líderes parlamentares do partido é "uma fraude absoluta".
O líder do partido denuncia que a petição está "espalhada" de "pessoas com e-mails e identidades que não existem", apelando para que os responsáveis "tenham ao menos a consciência que deviam ter cumprido regras".
"Podem ser vistas pelo menos três pessoas conhecidas de todos nós que assinaram esta petição: o Estaline, que morreu há 80 anos, Kim Jong-un, que está na Coreia do Norte - ainda que seja apreciado por muitos dos manifestantes - e o próprio Odair, que infelizmente já não está entre nós", declarou.
Em declarações ao Público, os promotores da petição assumiram que detetaram duas assinaturas falsas entre as 116 mil, registadas no domingo, e afastam as acusações de "fraude" previamente feitas pelo Chega.
A petição pública para a subscrição da queixa-crime elaborada contra o presidente do Chega, André Ventura, o líder parlamentar, Pedro Pinto, e um assessor do partido, Ricardo Reis, sobre as declarações sobre a morte de Odair Moniz, vítima de disparo de um agente da PSP conta com quase 125 mil assinaturas.
Também a Procuradoria-Geral da República (PGR) abriu um inquérito que corre nos termos do Departamento de Investigação e Ação Penal Regional de Lisboa.
Em causa estão declarações do líder parlamentar do Chega, Pedro Pinto, sobre os tumultos dos últimos dias relacionados com a morte de Odair Moniz, baleado pela polícia na Amadora, afirmando que se as forças de segurança "disparassem mais a matar, o país estava mais na ordem".
Também o presidente do Chega, André Ventura, disse sobre o agente da PSP que baleou Odair Moniz: "Nós não devíamos constituir este homem arguido; nós devíamos agradecer a este polícia o trabalho que fez. Nós devíamos condecorá-lo e não constituí-lo arguido, ameaçar com processos ou ameaçar prendê-lo".
Odair Moniz, cidadão cabo-verdiano de 43 anos e morador no Bairro do Zambujal, na Amadora, foi baleado por um agente da PSP na madrugada de segunda-feira, no Bairro da Cova da Moura, no mesmo concelho, e morreu pouco depois, no Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa.
Segundo a PSP, o homem pôs-se "em fuga" de carro depois de ver uma viatura policial e "entrou em despiste" na Cova da Moura, onde, ao ser abordado pelos agentes, "terá resistido à detenção e tentado agredi-los com recurso a arma branca".
A associação SOS Racismo e o movimento Vida Justa contestaram a versão policial e exigiram uma investigação "séria e isenta" para apurar "todas as responsabilidades", considerando que está em causa "uma cultura de impunidade" nas polícias.
Desde a noite de segunda-feira registaram-se desacatos no Zambujal e, desde terça-feira, noutros bairros da Área Metropolitana de Lisboa, onde foram queimados autocarros, automóveis e caixotes do lixo. Mais de uma dezena de pessoas foram detidas, o motorista de um autocarro sofreu queimaduras graves e dois polícias receberam tratamento hospitalar, havendo ainda alguns cidadãos feridos sem gravidade.
