"Fuga" e "cobardia". Montenegro recusa debater com CDU e Livre, Nuno Melo será o substituto
A AD justifica a ausência do líder social-democrata com questões de agenda.
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O presidente do PSD e líder da AD, Luís Montenegro, recusou esta quarta-feira estar presente nos debates da aliança frente aos líderes da CDU e do Livre, tomando a decisão de ser substituído por Nuno Melo. Os comunistas dizem que o candidato social-democrata está a "fugir ao debate com a força de combate à direita", enquanto Rui Tavares o acusa de "cobardia".
Fonte oficial da coligação que junta PSD, CDS-PP e PPM disse ao Diário de Notícias que a substituição "tem que ver com a agenda", garantindo que "não há nenhuma lógica especial ou partidária". A campanha da AD lembra que em 2015, quando o PSD de Passos Coelho e o CDS-PP de Paulo Portas se coligaram, foi o então líder centrista que marcou presença no debate com a CDU, que também não teve o então líder comunista, Jerónimo de Sousa, mas a na altura líder do PEV, Heloísa Apolónia.
"Luís Montenegro quer fugir do debate"
Em resposta, os comunistas consideram que Luís Montenegro está a fugir ao debate com "a força de combate à direita".
"Luís Montenegro quer fugir do debate com Paulo Raimundo sobre a situação do país, as soluções e respostas para os problemas nacionais. Depois de acordado um modelo de debates entre as televisões e os partidos com representação parlamentar, o PSD e o seu presidente querem agora esconder-se e esconder o seu projeto atrás de pretextos", escreve o PCP em comunicado.
Os comunistas acreditam que a CDU "foi e será determinante para barrar o caminho à política e projetos que empobrecem a vida dos trabalhadores e do povo, acentuam desigualdades, amputam direitos".
O PCP deixa ainda mais acusações: "Luís Montenegro sabe que o PCP não deixará esquecer o papel que assumiu enquanto presidente do grupo parlamentar do PSD no período do assalto da política da troika a direitos, salários e pensões, assim como sabe que foi o PCP, e a luta dos trabalhadores e do povo, o mais firme e determinado obstáculo e opositor a essa política. É este debate que Luís Montenegro recusa."
Para os comunistas, Montenegro procura esquivar-se a "questões decisivas como as da política salarial, valorização das pensões, direitos dos trabalhadores, direito à habitação, defesa e valorização do Serviço Nacional de Saúde", nos quais "com elevada probabilidade não encontrará quem como o PCP e a CDU o confrontará com o seu passado e o forçará a revelar as suas reais intenções".
"Essa atitude não só empobrece o debate político como é revelador da necessidade do PSD em esconder o seu verdadeiro projecto. Não facilitaremos esta intenção. Os debates foram organizados sobre determinados pressupostos. Independentemente da avaliação crítica sobre o modelo, notoriamente favorecedor de uns face a outros, esta intenção do presidente do PSD agrava esta realidade. Não será por parte do PCP e da CDU que esse momento clarificador de debate não se realizará", conclui o PCP.
Livre diz que "será uma cobardia"
Em declarações também ao Diário de Notícias, Rui Tavares, fundador e deputado único do Livre, diz que "será uma cobardia" se Luís Montenegro não aparecer.
"Isso só dá para rir. É Luís Montenegro o candidato da AD a primeiro-ministro. Os debates estão marcados", reage o deputado único do partido.
Rui Tavares considera que o exemplo de 2015 não é justificação e só encontra um motivo para esta atitude da AD: “Luís Montenegro não tem coragem para debater comigo.”
Numa nota enviada à TSF, o Livre diz que não acredita que "Luís Montenegro falte a um compromisso previamente assumido há semanas, trate de maneira diferente partidos democráticos e não tenha tido sequer a cortesia de informar" o partido ou Rui Tavares.
"Desistir de debater é sempre uma derrota maior que um debate mal-sucedido. A ser verdade o que tem sido veiculado pela comunicação social, este é um péssimo sinal para quem almeja ser primeiro-ministro de Portugal", escreve o partido.
O Livre considera que "os debates existem para o esclarecimento dos cidadãos, pelo que Rui Tavares não faltará ao respeito para com os cidadãos que querem ser esclarecidos", esperando que tudo não passe de um "mal-entendido".
"De qualquer forma, o Rui Tavares manifesta desde já a sua disponibilidade para alterar a hora, o dia ou o local do debate de forma a que este seja mais compatível com a agenda de Luís Montenegro", informa o partido.