Futuro do PS. Carlos César apela a Carneiro para que "não exclua pessoas com valor" e deixa recado aos "desistentes"
Carneiro vai mexer no secretariado e na liderança da bancada. A TSF sabe que Eurico Brilhante Dias é o próximo presidente do grupo parlamentar
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O desejo é de Carlos César, que funciona como aviso a José Luís Carneiro. Na véspera das eleições para a liderança do PS, o presidente do partido avisa que não podem ser excluídas pessoas com valor, embora seja necessária uma renovação. Defende que tomou a decisão correta ao convocar eleições logo depois do desaire nas legislativas, e deixa um recado aos que pediam mais tempo para reorganizar o partido.
A mensagem, publicada nas redes sociais, surge no último dia de campanha interna, e numa altura em que já se sabe que José Luís Carneiro vai mexer no atual secretariado, indicado por Pedro Nuno Santos, que conta com vários nomes próximos ao antigo líder. Alexandra Leitão e Duarte Cordeiro já se colocaram de fora.
Também na liderança do grupo parlamentar vão existir mexidas. A TSF sabe que Eurico Brilhante Dias é o próximo presidente da bancada socialista, num regresso a um lugar que ocupou na maioria absoluta de António Costa. Pedro Delgado Alves tem desempenhado a função, de forma interina, até ao fim da contenta interna.
Carlos César escreve ainda que o PS tem “procurado as razões para a quebra eleitoral”, apesar da campanha interna, o que mostra que o partido “não contemporiza com os desistentes ou com os impenitentes”.
“Fiz bem em insistir para que a eleição do novo líder do partido decorresse com a antecipação possível. Neste período, desde o passado dia 18 de maio, o partido, em todas as suas estruturas e por todo o território, não tem deixado de procurar as razões da sua quebra eleitoral e tem mostrado não contemporizar com os desistentes tal como com os impenitentes”, lê-se.
A mensagem segue sem destinatário, mas Fernando Medina, Mariana Vieira da Silva e Duarte Cordeiro recusaram avançar com uma candidatura à liderança por considerarem o calendário incompatível com um debate “alargado e profundo” sobre o futuro do PS.
Por outro lado, ficam elogios a José Luís Carneiro (“sóbrio” e “próximo das pessoas”), mas também a Pedro Nuno Santos que conduziu o partido “numa conjuntura, quer nacional quer europeia, especialmente adversa para a esquerda democrática”.
As eleições para o novo secretário-geral do PS começam na sexta-feira e terminam no sábado, consoante a federação distrital do partido. José Luís Carneiro tem a eleição garantida – é o único candidato à sucessão de Pedro Nuno Santos.
Leia a mensagem, na íntegra, de Carlos César:
“É já nestes dias 27 e 28 de junho que decorrem as votações para a eleição do Secretário-Geral do PS.
Apoio o único candidato que se apresenta - José Luís Carneiro. Como militante do PS há 51 anos, e como Presidente do Partido, fico satisfeito por o PS poder relançar, com uma nova liderança, a energia, enfraquecida com os resultados das últimas eleições, para honrar o seu passado e constitui-se como uma boa promessa de futuro.
José Luís Carneiro tem muitas qualidades, como salientei num dos seus livros, publicado no final de 2023, que tive o gosto de prefaciar: "estando bem distante daqueles políticos que vocalizam tudo quanto se lhes passa pela cabeça, e possuindo uma sobriedade natural, distinguiu-se, e assim continua, pela proximidade com as pessoas nas diversas funções que tem desempenhado - partidárias, parlamentares ou governamentais, aos níveis local e central. Tem uma especial preocupação nas políticas de desenvolvimento, na redução das desigualdades a todos os níveis e nos fatores que reforçam a confiança nas instituições democráticas. Parece pouco, mas é quase tudo o que se oferece à navegação de um socialista democrático nos tempos que correm".
Cabe-me, também, uma palavra de admiração e de solidariedade partidária e pessoal com o nosso anterior Secretário-Geral, Pedro Nuno Santos, que disputou eleições numa conjuntura, quer nacional quer europeia, especialmente adversa para a esquerda democrática.
Fiz bem em insistir para que a eleição do novo líder do partido decorresse com a antecipação possível. Neste período, desde o passado dia 18 de maio, o partido, em todas as suas estruturas e por todo o território, não tem deixado de procurar as razões da sua quebra eleitoral e tem mostrado não contemporizar com os desistentes tal como com os impenitentes.
Vamos dar vida à vida do PS, participando nesta eleição interna.
Como já salientei, estamos já nos momentos para, sucessivamente, renovar sem excluir pessoas com valor e agir sem deixar de ajustar o partido às novas dimensões e exigências que as motivações dos cidadãos e as realidades económicas e sociais requerem. Confio que seja esse o caminho que a nova liderança fará. O primeiro desafio, porém, será o de confirmar nas eleições autárquicas que o Partido Socialista é a alternativa real e construtiva à AD.
Vamos a isso!”