Galamba elogia nova ministra da Energia, mas faz reparo: "Atualizar o discurso sobre hidrogénio"
O antigo ministro das Infraestruturas afirma que os "projetos descentralizados e ligados a indústria e a produtos verdes de elevado valor acrescentado - amónia, metanol, aço verde, jet fuel" que a nova ministra defende já estão "em curso".
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O antigo ministro das Infraestruturas, João Galamba, quebrou esta sexta-feira o silêncio para elogiar a escolha de Maria Graça Carvalho para ministra do Ambiente e Energia, ainda que considere que o discurso da nova governante relativamente ao hidrogénio "ficou parado em 2019/20".
"Boa escolha para a Energia. Só um reparo: talvez atualizar o discurso sobre hidrogénio da Maria Graça Carvalho, porque ficou parado em 2019/20. As apostas ligadas à indústria que a nova ministra defende já estão todas em curso há anos e o projeto que critica foi abandonado, também há anos", disse o ex-ministro numa publicação no X (antigo Twitter).
Em silêncio desde a demissão, em novembro do ano passado, João Galamba afirma que os "projetos descentralizados e ligados a indústria e a produtos verdes de elevado valor acrescentado - amónia, metanol, aço verde, jet fuel" que a nova ministra defende já estão "em curso", por isso "importa continuar e aprofundar".
"Sobre os projetos solares de grande dimensão, espero que a nova ministra não ceda ao populismo dos microprojetos e reconheça que não há descarbonização sem aceleração de todos os projetos - grandes, médios e pequenos - e combata o populismo em torno dos projetos solares", pede o também antigo secretário de Estado da Energia, instigando ainda para que Maria Graça Carvalho "faça uso do regulamento europeu que considera os projetos renováveis de “overriding public interest” para garantir que a maior oportunidade industrial que este país já viu (as renováveis) avança mesmo".
Galamba considera que o "gasoduto de h2 deve ser abandonado e todo o h2 nacional usado para a indústria que temos e, sobretudo, para a que estamos a atrair, seja para descarbonizar consumos energéticos, seja para produção de novos produtos verdes (aço, metanol, amónia)".
"Sobre os 10gw de eólico, também sou contra. Como horizonte futuro, acho bem, como projeto presente não faz sentido. O que faz sentido é aproveitar cabo existente em Viana e lançar leilão o mais pequeno possível (500mw a 1gw) para viabilizar indústria nos portos nacionais", refere o socialista, acreditando que "a grande aposta no eólico offshore é industrial: investir nos portos e usar os portos como 1) base industrial 2) transitoriamente exportar para quem tem de instalar já hoje eólico offshore e consolidar base para fornecer projetos futuros em Portugal".
E conclui: "No imediato, a prioridade não é offshore, é mesmo o onshore, em concreto, viabilizar o repowering dos parques existentes. Isso, sim, prioridade absoluta imediata para o país."