Mariana Mortágua e Rui Tavares juntaram-se numa nova reunião para mostrar "convergência" à esquerda.
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Depois do PAN, a vez do Livre. O Bloco de Esquerda (BE) pediu reuniões com todos os partidos da esquerda, e na manhã desta sexta-feira Mariana Mortágua sentou-se à mesa com Rui Tavares. Evitar “recuos” com o Governo da Aliança Democrática e criar uma “alternativa” para roubar votos à direita são os motes das reuniões.
O Livre ainda não tinha representação parlamentar durante os tempos da geringonça, mas as reuniões fazem lembrar os tempos de convergência à esquerda, em 2015. Agora, o trabalho é na oposição e não no poder, para criar uma barreira às políticas da direita.
“Impedir iniciativas que possam constituir esses retrocessos sociais, falámos na despenalização da morte medicamente assistida, na Interrupção Voluntária da Gravidez e nos possíveis recuos ao acesso ao aborto livre e seguro. Estas são posições que a esquerda tem de defender e tem de se articular para defender”, apelou a coordenadora do BE, Mariana Mortágua.
Depois das eleições, esta foi a primeira reunião entre membros do BE e do Livre, ainda antes do início da nova legislatura, mas Mariana Mortágua mostrou-se convencida que foi a primeira de muitas.
“A responsabilidade da esquerda é de garantir o diálogo, até porque estamos nos 50 anos do 25 de Abril. Mas também garantir que se vai tecendo uma alternativa”, acrescentou.
Rui Tavares, do Livre, lembrou que o seu partido foi fundado com o pressuposto de uma convergência à esquerda, e mostra-se satisfeito que “outros” estejam a ser contaminados pelo que o Livre sempre defendeu.
“Fazia falta tornar a convergência à esquerda uma naturalidade. Lutámos muito por isso e ficamos satisfeitos por ver que está a ocorrer e que o crescimento do Livre também não é alheio a que a convergência entre na naturalidade dos discursos à esquerda”, afirmou.
E em cima da mesa, na reunião que decorreu na sede do Livre, estiveram várias “convergências” entre os dois partidos, como na saúde, educação e habitação. Rui Tavares promete impedir que as políticas do PSD e da Iniciativa Liberal acabem por triunfar, desde logo, para fazer frente à crise na habitação.
“Dizemos que quartéis esvaziados devem ser residências de estudantes. Olhando para o programa da AD e da IL, o que receamos é que quartéis esvaziados se transformem em magníficos prédios de luxo para quem tiver dois milhões de euros”, atirou.
A primeira reunião foi com o PAN, a segunda com o Livre. Ficam a faltar encontros com o PCP e com o PS, de Pedro Nuno Santos, que devem ocorrer na próxima semana.