"Gestão mais simples e eficiente." Governo vai reorganizar ICNF com "maior proximidade" e investimento tecnológico

António Pedro Santos/Lusa (arquivo)
Maria da Graça Carvalho considerou que a "atrocidade" dos incêndios poderá abrir portas para, no futuro, o combate "ser melhor" e anunciou desde já uma reforma no ICNF
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A ministra do Ambiente e Energia, Maria da Graça Carvalho, defendeu esta terça-feira uma reorganização do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), com um modelo "de maior proximidade", e um maior investimento em meios tecnológicos para o combate aos incêndios.
Maria da Graça Carvalho visitou esta terça-feira a Serra do Açor e Mata da Margaraça, zonas que arderam durante 12 dias no fogo que deflagrou em Arganil há quase duas semanas. Em declarações aos jornalistas, recusou fazer uma análise sobre o que correu menos bem, mas destacou um "ponto positivo": "Todas as casas, empresas foram protegidas. (...) Houve aqui uma prioridade muito grande às pessoas e às empresas."
A ministra manifestou "esperança", considerando que "esta atrocidade" poderá abrir portas para, no futuro, o combate "ser melhor". Para isso, prosseguiu, será preciso apostar numa reforma do ICNF, que passa por uma "gestão mais simples, eficiente" e num "modelo de maior proximidade".
Maria da Graça Carvalho sublinhou ainda que "é importante ter um diretor" nos parques. Já existe no Parque Nacional Peneda Gerês, mas a ideia é "continuar a fazê-lo nos grandes", como a Serra da Estrela, adiantou.
Por outro lado, o Governo quer apostar em meios tecnológicos. Ainda que as pessoas sejam "essenciais", a ministra do Ambiente e Energia referiu a importância de investir em "câmaras térmicas que detetem imediatamente as emissões".
Autarca de Arganil: ministra do Ambiente e Energia vai ficar "chocada".
Antes da visita da ministra às áreas protegidas que foram afetadas pelos incêndios, a TSF falou com a autarca de Arganil, que demonstrou a convicção de que será possível "reerguer o território novamente, replantar e dar os passos necessários para que a esperança volte a surgir neste território".
O impacto é avassalador, a dimensão é impressionante. Não há ninguém que fique indiferente e, portanto, acredito que também a senhora ministra ficará de certa forma sensibilizada e, admito, eventualmente chocada com o impacto que uma paisagem como esta provoca a qualquer cidadão comum
Segundo o relatório provisório ICNF, o fogo que começou no Piódão, no concelho de Arganil (distrito de Coimbra), apresenta a maior área ardida de sempre em Portugal, com 64 mil hectares consumidos.
"Infelizmente, já temos a experiência de outros acontecimentos idênticos. São sempre muito penalizadores para as pessoas, para as instituições, para o território. Já sabemos que só há uma forma de olhar para estes acontecimentos e estas adversidades: continuar a acreditar e a trabalhar e mostrar a resiliência do território. Estamos neste momento fortemente empenhados em retomar a normalidade. A mensagem é muito clara: vamos reerguer o território novamente, replantar e dar os passos necessários para que a esperança volte a surgir aqui neste território", disse Luís Paulo Costa.
O presidente da Câmara Municipal de Arganil lançou ainda um apelo para que sejam plantadas mais "espécies autóctones no território", visto que "são menos combustíveis" e têm "uma capacidade muito grande" de se autorregenerar e, no ano seguinte, "estarem novamente com a mesma pujança e com o mesmo rigor que tinham antes dos incêndios".
