Governabilidade? Sem entendimento, PSD acusa PS de pedir uma coisa e não querer fazer o mesmo
No Fórum TSF, Carlos Abreu Amorim e Marina Gonçalves reagiram às declarações de Pedro Nuno Santos, que recusa ser chamado "radical"
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O secretário-geral do Partido Socialista (PS) participou, esta segunda-feira à noite, no programa Crossfire, da CNN Portugal, onde afirmou esperar que o PSD viabilize uma futura proposta de Orçamento do Estado apresentada pelos socialistas em caso de vitória do PS nas eleições legislativas antecipadas, a 18 de maio. A governabilidade e a estabilidade após o sufrágio foi precisamente o tema do Fórum TSF desta terça-feira.
Pedro Nuno Santos recordou, no mesmo programa, que o PS elegeu um presidente da Assembleia da República (José Pedro Aguiar-Branco) que "o maltratava", aprovou um "Orçamento do Estado que possibilitava a AD governar até meados de 2026" e que chumbou duas moções de censura apresentadas no Parlamento (Chega e PCP). "Com seriedade, ninguém pode dizer que sou radical. Não tenho dúvidas que o PSD, que respeita o país e os portugueses, viabilizará um Orçamento do Estado do PS."
Carlos Abreu Amorim (PSD), atual secretário de Estado Adjunto e dos Assuntos Parlamentares, disse, no Fórum TSF desta terça-feira, ser necessária uma "organização e entendimento na atual liderança do Partido Socialista".
"A líder parlamentar do PS [Alexandra Leitão] disse que seria muito difícil que o partido viabiliza-se um novo Governo da AD vindo destas eleições. Agora, Pedro Nuno Santos vem exigir uma reciprocidade que não existiu. A estabilidade que o PS pede agora não tem reciprocidade porque aquilo que o PS nos deu foi a 'destabilidade' na instabilidade", acrescenta Abreu Amorim.
O governante refere também que o primeiro-ministro em gestão e líder do PSD, Luís Montenegro, já "prometeu estabilidade" e que "só seria Governo caso a AD vencesse as eleições". Quanto ao PS, Carlos Abreu Amorim aponta o dedo por "não ter fechado a porta à formação de uma nova 'geringonça'". "É completamente diferente a possibilidade de um Governo do PS ou um Governo do PS com a repetição da 'geringonça', com partidos de extrema-esquerda que apoiam a Rússia, que são contra a NATO e que têm aversão à Europa", considera.
Já Marina Gonçalves, vice-presidente socialista, respondeu, também no Fórum TSF, que "o PS até 18 de maio está concentrado na vitória e esse é o único cenário" que tem em cima da mesa.
É assim que nos apresentamos aos portugueses. Com a certeza que o nosso programa é o melhor para garantir melhores condições de vida para os portugueses, para garantir uma melhor economia, e é aqui que estamos concentrados até 18 de maio. O Partido Socialista tem o seu histórico sobre quem é que garante estabilidade, olhando para o futuro, que é para aí que devemos olhar. Não temos dúvidas nenhumas que o projeto que apresentamos é o melhor e passamos a mensagem do que nos distingue do programa que a AD apresentou", diz a deputada.
A vice-presidente do PS admitiu preocupação com a "forma pouco séria e rigorosa" como a Aliança Democrática (coligação PSD com CDS) se apresenta aos portugueses. Marina Gonçalves afirma que "a vida dos portugueses não é um jogo de política", implicando "um exercício muito mais sério" independente de os partidos políticos estarem no Executivo ou na oposição. "Foi uma vontade da AD ir a eleições e não esclarecer. Obviamente que me preocupa a posição que podem continuar a assumir no futuro."
