Governo ainda não recebeu pedidos de empresas para via verde da imigração, Leitão Amaro desvaloriza e fala em "grande mudança"
Um mês e meio depois, o Executivo ainda não recebeu pedidos. Ainda assim, o ministro da Presidência diz, na TSF, que "há várias confederações patronais, com as quais há contacto direto e regular, que relatam que estão a preparar pedidos"
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A Direção-geral dos Assuntos Consulares (DGAC) ainda não recebeu qualquer pedido de vistos da parte das confederações empresariais para desencadear o processo de contratação de estrangeiros nos países de origem, avança esta quinta-feira o jornal Público. No entanto, o ministro da Presidência desvaloriza e mostra-se convicto de que o protocolo vai acabar por dar resultados.
"Isto é uma grande mudança e, portanto, naturalmente demora muito tempo", começa por referir António Leitão Amaro, em declarações à TSF, acrescentando que “há várias confederações patronais, com as quais há contacto direto e regular, que relatam que estão a preparar pedidos”.
Isto está previsto e é normal que assim seja, porque resulta de uma mudança de política de imigração mais exigente.
Perante as dificuldades na emissão de vistos para imigrantes, o Governo decidiu colocar em andamento a 1 de abril uma medida que tem como objetivo não sobrecarregar os serviços da Agência para a Integração, Migrações e Asilo e facilitar o processo de contratação de trabalhadores estudantes.
Ao aderir a este protocolo (a chamada via verde) as empresas têm de oferecer obrigatoriamente um contrato de trabalho válido, dar formação profissional e aulas de língua portuguesa, além de garantir alojamento. Esta última condição é vista como um entrave para os patrões, mas, para António Leitão Amaro, trata-se de algo essencial e o Governo não vai ceder.
“Não vamos abdicar desta exigência. É bom que fique claro para todos que Portugal precisa em vários sectores de mão de obra que vêm do estrangeiro, mas também precisa de o fazer com regras, com ordem e com exigência”, defende.
O ministro da Presidência insiste que é preciso “um esforço” das entidades empresariais, nomeadamente para com “os jovens portugueses que têm dificuldades no acesso à habitação”.
Aquilo que chamam entrave é, de facto, uma exigência. Não vamos abdicar disso.
Questionado sobre se não receia que uma das maiores bandeiras do Governo acabe por ficar reduzida a uma montanha que pariu um rato, António Leitão Amaro desvaloriza e afirma: "Quem achou que estaria em causa uma via verde, uma porta mais aberta, enganou-se.”
“Só pessoas que não estavam informadas é que viram montanhas. O objetivo deste regime foi mesmo mudar de forma a que quem entra, cumpra e satisfaça condições. Se isso e se essas condições não forem cumpridas, não há entradas”, conclui.