Governo encerra negociações com professores e acusa sindicatos de "intransigência"
Em comunicado, os Ministérios das Finanças e da Educação mantém a proposta anterior referente ao tempo de serviço dos docentes. Sindicatos prometem novas formas de luta.
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O Governo terminou a reunião com os sindicatos dos professores sem qualquer acordo e dá como concluído o processo negocial sobre a recuperação integral do tempo em que as carreiras estiveram congeladas.
O executivo avança com a recuperação de 2 anos, 9 meses e 18 dias de serviço, lê-se num comunicado conjunto dos Ministérios das Finanças e da Educação.
As divergências não foram ultrapassadas na reunião que teve lugar na manhã desta terça-feira. Na sequência desta decisão do Governo, os sindicatos de professores estão reunidos e deverão apresentar novas formas de luta até ao final do dia.
Leia o comunicado dos Ministérios das Finanças e da Educação
"Recuperação de tempo de serviço dos professores
Realizou-se hoje, por solicitação das estruturas sindicais, a reunião suplementar da nova negociação relativa à proposta de decreto-lei sobre a recuperação de tempo de serviço, tal como resulta da Lei do Orçamento do Estado de 2018 e da Lei do Orçamento do Estado de 2019. Mais uma vez verificou-se a posição de intransigência das estruturas sindicais, que não apresentaram qualquer proposta que permitisse aproximar as posições entre as partes. Pelo contrário, mantiveram-se inflexíveis na recuperação dos 9 anos, 4 meses e 2 dias, apesar de essa solução ter sido expressamente rejeitada na votação na especialidade do Orçamento do Estado de 2019. Assim, porque o Governo considera que este impasse não deve prejudicar os professores, avançará com a solução apresentada em decreto-lei para aprovação em Conselho de Ministros, que permite que todos os professores recuperem 2 anos, 9 meses e 18 dias, assegurando o equivalente a 70% de uma progressão, o mesmo que resultou da aplicação da lei para todos os outros funcionários públicos. Com esta proposta, assegura-se que entre 2019 e 2023 a carreira docente será uma das que terá maior valorização remuneratória em toda a administração pública, com um aumento médio acumulado de 19% e um custo total, nesse período, de cerca de 750 milhões de euros. Desta forma, mesmo sem o acordo das organizações sindicais, e sem que a recuperação do tempo fizesse parte do seu Programa de Governo, no qual foi inscrito o compromisso de descongelamento das carreiras, o Governo não deixará de reconhecer, através do referido decreto-lei, a recuperação de tempo de serviço docente, tendo por referência uma visão integrada do sistema de emprego público, num paralelismo com a diversidade de carreiras e dos respetivos mecanismos de desenvolvimento remuneratório. Com esta negociação, e face à ausência de elementos novos, o Governo considera concluído o processo negocial relativo à recomposição da carreira dos educadores e dos professores dos ensinos básico e secundário.
Lisboa, 18 de dezembro de 2018"