Maria da Graça Carvalho afirma ainda que, na sequência do apagão Ibérico, pediu ao comissário europeu da Energia para ser tida em conta uma nova forma de pensar as redes de energia
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A ministra do Ambiente e Energia, Maria da Graça Carvalho, anunciou esta terça-feira que o Governo decidiu transformar parte das dívidas dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) em fundos para o ambiente.
O anúncio foi feito pela governante à margem da II Conferência da Energia da CPLP, no Centro de Congressos do Estoril.
São Tomé e Príncipe já assinou com Portugal um acordo de troca de dívida por "investimento climático". A ministra do Ambiente sublinha a importância destas reconversões da dívida dos PALOP.
"Estamos a iniciar e ficou já acordado um primeiro valor com São Tomé e Príncipe que ronda os 3,5 milhões [de euros], mas ainda estamos a ver que tipo de projetos vão incluir, as modalidades e o detalhe desse acordo", adianta.
Antes de São Tomé e Príncipe, foi Cabo Verde quem assumiu 42,5 milhões de euros até 2030 em fundos para projetos ambientais.
"Está a correr muito bem, já há um primeiro projeto que está em andamento, que é o Repower, portanto, o aumento da potência de uma central de Palmarejo, na ilha de Santiago. O segundo vai ser dedicado a energias essencialmente fotovoltaicas associadas aos sistemas de água", revela.
Maria da Graça Carvalho desvenda ainda que Angola "propôs algo semelhante muito ligado à biodiversidade". Ainda assim, esta foi uma "reunião muito preliminar" durante a COP29, em Baku.
Quem não faz parte destes projetos é Moçambique, uma vez que Maputo está a fazer o mesmo com a Bélgica.
Em declarações aos jornalistas, Maria da Graça Carvalho afirmou ainda que, na sequência do apagão Ibérico, pediu ao comissário europeu da Energia para ser tida em conta uma nova forma de pensar as redes de energia.
"Estamos a usar ainda um pouco a mesma forma de pensar a rede do que fazíamos naquela altura. Isso foi uma das coisas que eu pedi muito ao comissário europeu (...) O principal era não fazer tudo da mesma forma como foi feito até agora. Tem de se olhar para a rede de uma forma diferente: a parte da digitalização, a ciência da utilização dos dados, do controle que tem de se ter em relação à rede tem de ser completamente diferente", vincou, acrescentando que as redes de energia têm de ser operadas de forma "muito mais moderna, com muito mais tecnologia incorporada".
A conferência que começou esta terça-feira no Centro de Congressos do Estoril, em Cascais, Portugal, e se prolonga até quarta-feira foi promovida pelo Governo de São Tomé e Príncipe, que detém a Presidência em exercício da CPLP, e organizada pela Comissão Temática de Energia e Clima dos Observadores Consultivos da CPLP, coordenada pela Associação Lusófona de Energias Renováveis (ALER) e pela Associação de Reguladores de Energia dos Países de Língua Oficial Portuguesa (RELOP).
Este evento conta ainda com o apoio institucional da CPLP e do Ministério do Ambiente e Energia de Portugal, e com a parceria da Agência para a Energia de Portugal e da Câmara Municipal de Cascais.
Segundo a CPLP, além de ser "um momento de partilha dos últimos desenvolvimentos e projetos-âncora das transições energéticas de cada Estado-membro da CPLP, este evento pretende promover novas parcerias e oportunidades de investimento e financiamento".
Recorde-se que foi durante a Presidência em exercício de Timor-Leste, em 2015, que teve lugar a primeira edição da Conferência de Energia da CPLP.
Dez anos depois, à margem da III Reunião de Ministros de Energia da CPLP, a II Conferência de Energia da CPLP reúne governantes, financiadores, empresários e especialistas do setor de energia da CPLP e de outras instituições internacionais.
Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste são os nove Estados-membros da CPLP.