"Grande perda para a nação." Garcia Leandro lembra papel "determinante" de Rocha Vieira em Macau e no Verão Quente
Em declarações à TSF, o general Garcia Leandro recorda o tenente-general Vasco Rocha Vieira como "uma das pessoas mais capazes que temos neste país"
Corpo do artigo
O general Garcia Leandro considera que o tenente-general Vasco Rocha Vieira, que morreu esta madrugada aos 85 anos, foi "determinante" para que a transição de Macau para administração chinesa tivesse decorrido sem sobressaltos. Ouvido pela TSF, Garcia Leandro, o primeiro governador de Macau após o 25 de Abril, afirma que a morte de Vasco Rocha Vieira, o último governador daquele território, é uma "grande perda" para o país.
"Em termos de caráter, em termos de compreensão, em termos de inteligência, em termos de serviço ao Estado, é uma das pessoas mais completas que tivemos neste país. É uma grande perda, não só em termos das relações, para a família e os amigos, mas é uma grande perda para a nação. Perdemos uma das melhores pessoas, das mais capazes que nós temos neste país", afirma à TSF Garcia Leandro, sublinhando que Rocha Vieira foi "determinante" para uma transição pacífica de poder em Macau.
"A missão era muito difícil. A dada altura, foi feita uma assinatura de uma declaração conjunta entre Portugal e a China, em que havia já uma projeção de que nós sairíamos em 1999. Havia muita coisa a fazer até podemos sair, nomeadamente, o aeroporto que estava em obras e também preparar todo aquele pessoal para desempenhar as funções depois nós sairmos. Isso deve-se muito a ele", conta.
Garcia Leandro lembra que antes de Macau, Vasco Rocha Vieira foi importante também no Verão Quente de 1975, que terminou com o 25 de Novembro.
"Teve uma carreira e uma vida muito rica em termos de personalidade, de necessidade, de visão estratégica, de bom senso, ao mesmo tempo que tinha funções muito importantes. Foi o último governador de Macau, mas, antes disso, em meados de 1975, teve muita importância naquilo que aconteceu com o 25 de Novembro. Há muita gente que não tem memória, outros que querem esquecer a memória e os factos, mas no 25 de Novembro foi evitada uma guerra civil, que esteve quase a acontecer", acrescenta.
Vasco Joaquim Rocha Vieira nasceu em 16 de agosto de 1939.
Foi o 138.º e último governador português de Macau, cargo que ocupou até 1999, quando se processou a transferência do território para a China.
Em 2015, foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem Militar da Torre e Espada pelo ex-Presidente Cavaco Silva.
Anteriormente, fora condecorado com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique (1986), atribuída pelo general Ramalho Eanes, com a Grã-Cruz da Ordem de Cristo (1996), conferida por Mário Soares, e com o Grande Colar da Ordem do Infante D. Henrique (2001), atribuída por Jorge Sampaio, uma condecoração atribuída excecionalmente, já que é normalmente destinada a chefes de Estado.
Era licenciado em Engenharia Civil e tirou vários cursos e especialidades, incluindo o Curso Geral de Estado-Maior, o Curso Complementar de Estado-Maior, o Curso de Comando e Direção para General Oficial e o Curso de Defesa Nacional.
Em 1984, foi promovido a Brigadeiro e, mais tarde, em 1987, promovido a general. Ensinou na Academia Militar e no Instituto de Estudos Militares Avançados.
Na sua carreira nas Forças Armadas foi também representante Militar Nacional no Quartel-General Supremo dos Poderes Aliados da NATO, na Europa - SHAPE, na Bélgica, e diretor honorário de armas e engenharia.
Era associado honorário da Sociedade de Geografia de Lisboa, da Sociedade Histórica da Independência de Portugal e da Liga dos Combatentes, e foi nomeado membro do Conselho Geral e de Supervisão da EDP em 2012.
