Rui Rocha responde na entrevista TSF/JN às queixas de Carlos Guimarães Pinto sobre a falta de apoio. E reclama para a IL o resultado nas Europeias: "O João Cotrim de Figueiredo não esteve sozinho na estrada"
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Carlos Guimarães Pinto, com o peso que tem desde a fundação da Iniciativa Liberal, queixou-se da falta de apoio, dizendo que o partido não prima pela divulgação dos seus vídeos. Já falou com o deputado Carlos Guimarães Pinto?
Falo permanentemente com o Carlos e, nesse mesmo desabafo, creio que posso chamar-lhe assim, o Carlos disse uma coisa que, para mim, é muito importante, que é o seguinte: sente total liberdade no grupo parlamentar, sente uma liberdade que não sentiria, se calhar e provavelmente em qualquer outro partido. Enquanto for assim, gosta muito de cá estar. E eu tenho a dizer que nós gostamos muito que o Carlos seja uma figura incontornável do partido, e mais do que do partido, das ideias liberais. Há coisas a melhorar, seguramente faremos, o grupo parlamentar e a equipa de coordenação parlamentar está empenhada em que haja melhores condições possíveis dentro dos recursos disponíveis para que todos tenham um bom trabalho.
Mas, por exemplo, Carla Castro e José Cardoso, dois antigos adversários seus na contenda interna, acabaram por sair e, no caso do José Cardoso, até formou o Partido Liberal Social. Isto não demonstra alguma incapacidade de agregar?
Sobre as pessoas que decidiram, em algum momento, que já não queriam estar no partido, eu não posso fazer especiais comentários. O que posso dizer é que o partido seguiu uma linha que é uma linha coerente desde a sua fundação. Eu ficaria preocupado se me dissessem que esta comissão executiva fez aqui uma alteração que não respeita a coerência do caminho feito. Ora, não há uma crítica relativamente a isso. Quanto ao mais, num partido liberal, as pessoas são livres de escolher o seu caminho. Eu fico muito contente que aquelas que continuam possam apresentar até visões diferentes e tenham vontade de as manifestar e de as assumir.
Mas faz sentido haver dois partidos da ala liberal?
A liberdade de escolha é fundamental e, portanto, se nós decidimos e defendemos liberdade de escolha... Portanto, se houver diferentes propostas liberais, eu também fico muito satisfeito. Eu continuo a dizer, todavia, que a Iniciativa Liberal é a casa de todos os liberais. Eu sou do tempo, se me permitem a expressão, em que ser liberal era um anátema. Eu acho que nós estamos a fazer um trabalho tão bom que agora esse anátema está quase virado para o socialismo. Ou seja, eu já ouço pessoas a dizer, “ah, aquilo é socialista”. Pois isso era o que se dizia do liberalismo há pouco tempo. Portanto, bem-vindos a todos que queiram defender as bandeiras liberais.
Para quem colocou a fasquia nas últimas legislativas nos 15% e, até num quadro de crescimento da direita, teve um terço, pelo caminho até perdeu militantes, não considera que falhou alguns dos objetivos a que se propôs?
No balanço global, a Iniciativa Liberal não perdeu militantes. Tem hoje mais militantes do que tinha há dois anos, há três anos.
Mas saíram muitos…
O partido cresceu. É isso que eu quero dizer em termos de número absoluto. Agora, obviamente que nós queríamos mais, mas eu devo dizer, eu aceito todas as críticas. Dizem, pronto, foi ambição a mais. Os resultados depois não corresponderam a essa ambição tão grande que tinha. É verdade, eu assumo isso. Mas eu continuarei a ser ambicioso, continuarei a acreditar que a Iniciativa Liberal tem um enorme potencial e no que depender de mim, seja qual for a função em que eu estiver e a posição em que estiver na Iniciativa Liberal, podem contar comigo para defender uma ambição máxima. Eu acredito, continuo a acreditar que a Iniciativa Liberal tem um potencial de crescimento muito grande e farei tudo que estiver ao meu alcance para que o partido concretize mais tarde ou mais cedo essa capacidade que eu lhe reconheço. Também houve vitórias.
A vitória nas eleições europeias, por exemplo, ficará sempre como uma obra com assinatura de João Cotrim de Figueiredo?
O João Cotrim de Figueiredo é uma figura incontornável da Iniciativa Liberal. É tão bom ter pessoas que foram presidentes do partido como o Carlos Guimarães Pinto, como o João Cotrim Figueiredo, que fizeram tanto pelas ideias liberais, que fizeram tanto pelo partido. Portanto, essa competição saudável com o contributo passado é tão boa, é tão desafiante, e eu gosto tanto dela, que obviamente o João fez um enorme trabalho, o resultado foi ótimo, mas o João não esteve sozinho na estrada. Houve uma comissão executiva, um presidente do partido, houve núcleos, houve membros de base que estiveram na estrada com o João, que o apoiaram, que estiveram ao lado dele. Portanto, é mérito de todos e eu acho que isso é fundamental.
