"Há proximidade entre tendências políticas." PSD confirma conversas com a IL a pensar nas autárquicas
Em declarações no Fórum TSF, o vice-presidente dos sociais-democratas garantiu que as conversas estão bem encaminhadas
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O PSD confirmou a existência de conversas com a Iniciativa Liberal (IL) a pensar nas eleições autárquicas do próximo ano. Ouvido no Fórum TSF, Paulo Cunha, vice-presidente do partido, garantiu que as conversas estão bem encaminhadas e podem chegar a bom porto.
“É inegável que há uma proximidade entre estas tendências políticas. A Iniciativa Liberal tem tido uma postura que nós consideramos responsável, que tem propósitos que são bem-vindos e propostas políticas com as quais nós nos aproximamos e nos podemos rever. Portanto, entendemos que é possível construir pontes entre o PSD e toda a Aliança Democrática [AD], mas particularmente o PSD e Iniciativa Liberal. Já assim tem sido no âmbito das políticas nacionais e entendemos que nas políticas locais e em muitos territórios é perfeitamente possível. Será viável que esse entendimento seja construído”, confirmou à TSF Paulo Cunha.
O vice-presidente do PSD também comentou o apelo de Rui Tavares do Livre para uma estratégia que junte a esquerda também a pensar nas eleições autárquicas.
"É sentir a postura do náufrago, de quem está a afundar-se e que procura amarrar-se a algo que o possa segurar vivo. A esquerda e particularmente a extrema-esquerda, que teve, como sabemos, um protagonismo relativo no primeiro Governo de António Costa, fez com que os portugueses percebessem que esse não é o caminho. Numa fase inicial conferiram maioria absoluta ao Partido Socialista e depois, como aconteceu nas eleições no dia 10 de março, perceberam que não era nesse espetro político-partidário que estavam as soluções para o país", afirmou o vice-presidente do PSD.
Também em declarações no Fórum TSF, Rui Tavares confia que esta estratégia comum da esquerda tem condições para avançar.
"Evidentemente são convites que se lançam também tendo em conta um diálogo quotidiano que se vai fazendo no Parlamento e noutros lugares. Para que ninguém seja apanhado de surpresa, contactámos antes uns com os outros, vimos a disponibilidade para fazer essas reuniões e acreditamos que ela existe de todos os partidos e que elas serão feitas. Isto é algo que deve transcender apenas os partidos", revelou Rui Tavares.
Pelo PS, a deputada Marina Gonçalves, que também faz parte do secratariado nacional, não adianta a opinião do partido porque defende que este não é um assunto para se falar em público.
"Não são temas que se falem na comunicação social. Perdemos totalmente a seriedade na forma como queremos enfrentar os desafios futuros no momento em que vamos ter novas eleições, no momento em que temos um Parlamento muito fragmentado. Estas questões não são discussões e permita-me dizê-lo assim, não são discussões que se tenham na comunicação social, neste fórum ou noutros fóruns. Para o Partido Socialista não é aqui que se dão respostas, não é aqui que se fala de entendimentos ou não entendimentos, é num fórum privado e é aí que teremos esse debate e não neste fórum ou na comunicação social", argumentou Marina Gonçalves.
Já Jorge Costa, dirigente do Bloco de Esquerda, considera que o sobressalto nacional que se viu na manifestação do 25 de Abril tem de ter continuidade com uma convergência à esquerda e as autárquicas são um exemplo.
"Nós assistimos a uma situação que as eleições europeias reforçaram e com os resultados que tiveram um pouco por toda a Europa, que é o de uma radicalização da direita e uma viragem eleitoral à direita, ou seja, a radicalização da direita, o reforço da extrema-direita, a deslocação dos próprios programas dos partidos da direita tradicional em direção a um discurso cada vez mais parecido e mais próximo dos partidos de extrema-direita, está a ser acompanhada de um aumento da votação nestes partidos e isso tem consequências que têm que ser analisadas e têm que ser discutidas entre os partidos à esquerda. No nosso entender, todas as convergências que forem necessário fazer para responder a este crescimento da extrema-direita, para criar formas de resposta nos movimentos sociais, para criar alternativas também do ponto de vista local é muito importante", defendeu Jorge Costa.
Pelo Partido Animais e Natureza (PAN), o dirigente nacional Hugo Alexandre Trindade também está recetivo ao desafio do Livre.
"Olhámos para este convite com total naturalidade. O PAN não tem qualquer tipo de preconceito ideológico e se no passado aceitámos reunir com o Bloco de Esquerda para os auscultar e para os ouvir, porque não também reunir com o Livre e tentar perceber quais serão aqui as possíveis pontes para colocarmos os problemas das pessoas no centro da mesa e com isso, obviamente, conseguirmos criar aqui uma estratégia que melhore as condições e a qualidade de vida das pessoas, dos animais e também da natureza", explicou Hugo Alexandre Trindade.
Já o PCP ainda está a pensar numa resposta, mas, esta segunda-feira de manhã no programa da TSF Café Duplo, João Oliveira, da comissão política do Comité Central do PCP e eurodeputado eleito, admite conversar com o Livre.
“Do ponto de vista da discussão, não vai haver dificuldade em trocar opiniões e ouvir aquilo que o Livre tem a dizer, mas não parece é que se houver o objetivo de discutir aquilo que em concreto está em causa em cada uma eleições autárquicas, que haja possibilidade de haver 308 reuniões para discutir cada uma destas circunstâncias em função dos 308 municípios do país ou dos milhares de freguesias que temos. Porque naturalmente, do ponto de vista das eleições autárquicas, estamos a falar de milhares de situações porque a situação que tem de se discutir a propósito do concelho de Alfândega da Fé não é o mesmo que se discute em Silves ou em Cascais”, acrescentou João Oliveira.
