Há "vandalismo organizado" contra demonstrações de apoio a Gaza: "Não acontece porque um tipo preocupado com Israel tapou a bandeira da Palestina"
No programa da TSF e CNN Portugal, O Princípio da Incerteza, Alexandra Leitão usa pela primeira vez a palavra "genocídio" para descrever o massacre em Gaza. Já Pedro Duarte avisa que reconhecer o Estado da Palestina não pode ser "uma espécie de panfleto político para aliviar consciências"
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Pacheco Pereira denunciou, no programa da TSF e CNN Portugal, O Princípio da Incerteza, a existência de uma atividade "muito sistemática" de "vandalismo organizado" para apagar das paredes da Área Metropolitana de Lisboa todas as frases de apoio à criação do Estado da Palestina.
O historiador mostrou imagens de grafites que tinham sido pintados num muro e que depois apareceram destruídos e, acrescentou, a Praça do Chile, em Arroios, é uma das zonas onde este fenómeno é bem visível.
Isto não acontece porque um tipo passou por lá e está muito preocupado com o Estado de Israel e tapou a bandeira da Palestina.
Sobre o travão do Parlamento em reconhecer o Estado da Palestina, Pacheco Pereira não ficou surpreendido, mas alerta para o "significado político" que essa rejeição representa: "Israel pode fazer o que quiser, matar quem quiser e destruir o que quiser, que nós fazemos um protesto vago e genérico, e não tomamos nenhuma medida."
A mesma crítica é transposta à União Europeia, "que fala de alto de Direitos Humanos", mas "faz de conta" que não tem de tomar uma decisão sobre este assunto.
Tão pouco a socialista Alexandra Leitão ficou admirada com a posição assumida pela Assembleia da República (AR), acrescentando que, pela sua parte, "nunca cessará" de "indignar-se, perturbar-se e até surpreender-se" com o que está a acontecer em Gaza. O que é novo é a palavra que usou para descrever o massacre naquele enclave palestiniano: "Sempre falei em crimes contra a humanidade e em crimes de guerra, mas agora vou dizer genocídio (...) que ocorre por baixo dos nossos olhos."
Já o antigo ministro dos Assuntos Parlamentares Pedro Duarte, questionado sobre qual seria a sua posição se estivesse no AR, referiu que ainda não foi convencido de que deveria votar a favor. O candidato do PSD à Câmara Municipal do Porto justificou, afirmando que esta atitude não pode ser "uma espécie de panfleto político para aliviar consciências". Caso o Estado palestiniano seja concretizado sem cautelas, há o risco de "uma guerra civil".
