Henrique Gouveia e Melo que ser Presidente "diferente, estável e confiável" e ataca falta de coragem
"Acredito que agora, mais do que nunca, precisamos de um Presidente diferente. Um Presidente capaz de unir, de motivar e dar sentido à esperança, capaz de ser consciência e exemplo, de ajudar a mudar aquilo que há tanto tempo precisa de ser mudado", disse o almirante na apresentação da candidatura às presidenciais
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O candidato presidencial Henrique Gouveia e Melo defendeu esta quinta-feira que o país precisa de um Presidente "diferente, estável e confiável", "acima de disputas partidárias", que se faça ouvir “usando da palavra com contenção e propriedade”.
Na apresentação da sua candidatura à Presidência da República, que decorreu na Gare Marítima de Alcântara, em Lisboa, completamente lotada, Gouveia e Melo prometeu respeitar os partidos, “pilares fundamentais da democracia, assim como a separação de poderes”, tendo sempre em mente que o Presidente da República “não governa”.
“Acredito que agora, mais do que nunca, precisamos de um Presidente diferente. Um Presidente capaz de unir, de motivar e dar sentido à esperança, capaz de ser consciência e exemplo, de ajudar a mudar aquilo que há tanto tempo precisa de ser mudado. Um Presidente estável, confiável e atento, acima de disputas partidárias, longe das pressões e fiel ao povo que o elegeu”, considerou.
O antigo Chefe do Estado-Maior da Armada defendeu ainda a ideia de um chefe de Estado “que não seja um mero espetador da vida política, mas que interpele e exija quando necessário, pois representa todo o povo”.
“Que se faça ouvir, usando da palavra com contenção, com substância e com propriedade. Este será, porventura, o seu maior poder”, sublinhou.
Caso os eleitores confiem o seu voto em Gouveia e Melo, o almirante na reserva assegurou que cumprirá “com lealdade as funções que a Constituição” confia ao Chefe de Estado: “defender a independência nacional; garantir o funcionamento das instituições democráticas; ser árbitro e moderador; promover a coesão nacional – que é mais do que território, é pertença, é identidade; e representar Portugal com orgulho e com dignidade”.
O candidato presidencial Gouveia e Melo considera que os fatores que travam Portugal “estão cá dentro”, aponta más decisões e critica a falta de coragem, mas sempre sem especificar, contrapondo que os portugueses exigem ação.
“Não podemos aceitar o desânimo como destino. Não podemos deixar que o desencanto tome conta do país e que a confiança se esgote”, declarou o almirante Gouveia e Melo.
O ex-chefe do Estado Maior Armada considerou “indiscutível” que se vivem tempos difíceis no plano externo e que “o mundo mudou e não foi para melhor”.
“Mas o que verdadeiramente nos trava não vem de fora. Está cá dentro. São as más decisões, as não decisões, o adiar permanente do futuro, a falta de coragem para fazer o que tem de ser feito”, criticou.
Henrique Gouveia e Melo afirmou mesmo que, no presente, até se fica com a ideia de que os cidadãos estão “condenados a uma lógica de ciclos curtos, quando o país pede transformação, quando os portugueses exigem ação”.
Mas, de acordo com o candidato presidencial, “há razões para acreditar” e “o país tem “jovens que inovam, empresas que arriscam, cientistas que lideram, artistas que criam e desportistas que nos orgulham”.
“Temos portugueses a brilhar no estrangeiro e imigrantes que escolhem Portugal como casa. Este é o nosso país. E é este Portugal que devemos celebrar e proteger, mas não podemos dar-nos por satisfeitos” advertiu.
Henrique Gouveia e Melo assinalou então que em Portugal “persistem fragilidades: uma pobreza estrutural, uma economia frágil que precisa de crescer mais e distribuir melhor, uma justiça lenta, desigual e distante, um Estado carente de modernização”.
“Temos jovens que partem, famílias sem casa, idosos esquecidos, serviços públicos sob pressão e imigração sem integração. Portugal merece mais e, certamente, pode mais. É tempo de lutarmos pelo país que podemos e devemos ser. Não estamos condenados a falhar, a ser pequenos. Não temos de ser pobres”, salientou, recebendo uma prolongada salva de palmas.
Depois de enunciar estes princípios, o almirante uma ligação aos objetivos da sua candidatura a Presidente da República: “É por isso que estou aqui, porque acredito em Portugal, porque sei que podemos mais”.
“Estou aqui perante vós para vos convocar para um futuro com esperança, para um país que não se resigne, um país com vontade e ambição, para uma democracia que não fraqueje nestes tempos de incerteza. Está na hora de cumprir, de reformar, de realizar”, sustentou, ouvindo de novo palmas dos seus apoiantes.
Gouveia e Melo disse bater-se por “um país onde os jovens tenham futuro, onde os mais velhos descansem com dignidade, onde ninguém seja pobre por destino ou falta de oportunidade, onde saúde, habitação e educação sejam direitos e não privilégios, onde a cultura seja central e onde o ambiente seja um compromisso entre gerações”. Tudo isto num país que se quer “justo, próspero e solidário”
Um país com “uma economia centrada nas pessoas, mais forte, mais competitiva, mais produtiva”, porque “só assim poderemos manter o Estado Social e combater as desigualdades”.
Entre os desafios, destacou as apostas na tecnologia, inovação, transformação digital, ciberespaço e espaço, e defendeu uma reforma da Administração Pública e da Justiça, embora sem especificar em que sentido. Falou em “descentralizar”, mas “sem fragmentar” e prometeu “olhar para as ilhas, para o interior e para a diáspora”.
“Ainda precisamos de uma Defesa Nacional moderna, sólida e tranquila, sem alarmismos, mas também sem ingenuidades”, completou.
Perante várias centenas de apoiantes, terminou a intervenção com cerca de 15 minutos (sem direito a perguntas dos jornalistas) com uma referência ao seu percurso na Marinha, dizendo que aprendeu no mar que, “perante a tempestade, nunca se desiste, não se baixam os braços”.
“E é isso que farei se me confiarem o vosso voto. Apresento-me, assim, ao serviço de Portugal, perante vós, com humildade, coragem, independência e esperança”, prometeu, deixando a seguir um apelo com uma carga nacionalista: “Unidos, somos uma força imparável”.