Rui Rocha defende que "quanto mais encostada estiver a Aliança Democrática do PS, mais o país está a caminhar para manter os níveis de estagnação que tem e mais a Iniciativa Liberal está longe dessa via"
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O líder da Iniciativa Liberal, Rui Rocha, criticou esta quarta-feira as reuniões do primeiro-ministro com Pedro Nuno Santos, para negociar o Orçamento do Estado para 2025, apelidando-as de "encenação orçamental".
Luís Montenegro, que volta a encontrar-se esta quinta-feira com o secretário-geral do PS, já garantiu que vai apresentar uma "proposta irrecusável", à luz de princípios como o interesse nacional, a boa-fé ou a responsabilidade.
O liberal, que apresentou esta quarta-feira um pacote de cinco propostas para o Orçamento do Estado, numa conferência de imprensa em Lisboa, critica o que se tem passado entre os dois partidos.
"Não estamos minimamente interessados nessa encenação orçamental, cujo objetivo final é que cada um dos partidos, ou às vezes até não só os partidos, nem sobretudo os partidos, mas os líderes, possam sair airosamente deste processo", atira.
Rui Rocha acusa ainda a Aliança Democrática de se "encostar" ao PS, defendendo que essa aproximação foi visível no acordo de rendimentos na concertação social assinado na terça-feira.
"Nós já tivemos oportunidade de dizer que relativamente a isso, quanto mais encostada estiver a Aliança Democrática do PS, mais o país está a caminhar para manter os níveis de estagnação que tem e mais a Iniciativa Liberal está longe dessa via", sublinha.
O partido liderado por Rui Rocha propôs esta quarta-feira que o Estado privatize ou liquide um conjunto de 30 empresas, entre as quais a TAP e a RTP, além de fixar o objetivo de reduzir em 25% a 30% a administração consultiva do Estado.
Na sexta-feira, o primeiro-ministro, Luís Montenegro, e o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, reuniram-se pela primeira vez para negociar o Orçamento do Estado para 2025, num encontro que terminou com posições aparentemente distantes, mas sem rutura do processo negocial.
Depois do final da reunião, o secretário-geral do PS afirmou que recusa um Orçamento do Estado com as alterações ao IRS Jovem e IRC propostas pelo Governo ou qualquer modelação dessas medidas.
Pouco depois, Luís Montenegro classificava de "radical e inflexível" a proposta de Pedro Nuno Santos, mas prometia que, esta semana, iria apresentar uma contraproposta aos socialistas numa "tentativa de aproximar posições".
O Orçamento do Estado para 2025 tem de ser entregue na Assembleia da República até 10 de outubro e tem ainda aprovação incerta, já que PSD e CDS-PP somam 80 deputados, insuficientes para garantir a viabilização do documento.
Na prática, só a abstenção do PS ou o voto a favor do Chega garantem a aprovação do OE2025.