IL defende que Marcelo não deve intervir na Justiça e elogia "distanciamento" da "espuma dos dias"
Rui Rocha afirma que "não cabe ao Presidente da República interferir no tempo da justiça ou comentar casos concretos”.
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O líder da Iniciativa Liberal (IL), Rui Rocha, discordou esta sexta-feira da ideia de que o Presidente da República deve intervir no “tempo da Justiça” e elogiou o distanciamento de Marcelo Rebelo de Sousa.
“Estamos num momento de campanha eleitoral, não cabe ao Presidente da República interferir no tempo da justiça ou comentar casos concretos”, disse Rui Rocha, em declarações aos jornalistas, em Loures.
“Penso que o Presidente da República tem adotado a posição própria de um Presidente, que é serenidade e distanciamento daquilo que é a espuma dos dias”, acrescentou.
Relativamente à demissão de Miguel Albuquerque, o líder da IL considerou que “seria um absoluto contrassenso” dar uma nova oportunidade ao social-democrata.
“Há uma investigação em curso sobre situações que são estranhas”, atirou, sublinhando que em causa não está quem é ou não culpado, mas sim a “preservação das instituições”.
“Creio que seria francamente contraindicado que quem ainda está em investigação pudesse assumir funções, sendo que sobre essa investigação se demitiu. Não faria nenhum sentido nesta altura”, concluiu.
As declarações de Rui Rocha surgem no mesmo dia em que o ex-presidente da Assembleia da República Eduardo Ferro Rodrigues defendeu uma intervenção do Presidente da República na crise da justiça, criticando, tal como Augusto Santos Silva, a atuação do Ministério Público em casos judiciais que causaram crises políticas.
Ferro Rodrigues sugeriu que Marcelo convocasse uma reunião dos Conselheiros de Estado ainda antes do arranque da campanha eleitoral em 25 de fevereiro, "para obrigar os partidos a assumirem propostas e compromissos".
Em 24 de janeiro, a Polícia Judiciária (PJ) realizou cerca de 130 buscas domiciliárias e não domiciliárias sobretudo na Madeira, mas também nos Açores e em várias zonas do continente, no âmbito de um processo que investiga suspeitas de corrupção ativa e passiva, participação económica em negócio, prevaricação, recebimento ou oferta indevidos de vantagem, abuso de poderes e tráfico de influência.
Na sequência desta operação, a PJ deteve o então presidente da Câmara do Funchal, Pedro Calado (PSD), que também já renunciou ao cargo, o líder do grupo de construção AFA, Avelino Farinha, e o principal acionista do grupo ligado à construção civil Socicorreia, Custódio Correia.
Os três arguidos foram libertados na quarta-feira com termo de identidade e residência, três semanas após as detenções, por despacho do juiz de instrução criminal, que considerou não terem sido encontrados indícios da prática "de um qualquer crime".