Em declarações à TSF, Mariana Leitão, da IL, e Pedro Pinto, do Chega, não concordam que o Governo de Luís Montenegro apresente uma moção de confiança.
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Iniciativa Liberal e Chega não poupam nas críticas ao programa do Governo, mas os dois partidos reiteram que vão votar contra as moções de rejeição apresentados pelo PCP e Bloco de Esquerda. Em declarações à TSF, Mariana Leitão, líder parlamentar da IL, defende que o programa do Executivo não responde à urgência de mudança de que o país precisa. Ainda assim, os liberais não vão votar ao lado dos partidos da esquerda.
"O programa do Governo fica aquém ou é insuficiente para a urgência que o país precisa, no entanto, também não encontramos nada que nos faça ter uma visão catastrofista em que o programa do Governo não possa ser implementado ou executado. Iremos, obviamente, fazer toda a pressão e fazer esta exigência de que o Governo em todos os momentos possa ir mais além no sentido de resolver os problemas das pessoas e garantir que atenda a esta urgência de transformação que o país precisa", afirma Mariana Leitão, sublinhando que a IL vai votar contra as duas moções de rejeição.
Já o líder parlamentar do Chega considera que o programa do Governo ainda precisa de muitas clarificações. Também ouvido pela TSF, Pedro Pinto garante que, apesar das críticas, o Chega não vai dar luz verde às moções de rejeição do PCP e do BE, porque são moções apenas ideológicas.
"Há uma série de coisas que ficam a faltar neste programa do Governo. Agora, em relação às moções de rejeição, quer do Bloco de Esquerda, quer do PCP, seria a única possibilidade de inviabilizarmos este Governo, o Chega irá votar contra por uma questão muito simples. No caso do PCP, foi uma moção de rejeição que já tinha sido anunciada há muitos dias, ainda não era conhecido o programa do Governo, ainda não sabíamos o que estava escrito no programa do Governo e já o PCP estava a dizer que queria apresentar uma moção de rejeição. Da mesma maneira de que o Bloco de Esquerda apresentou a moção de rejeição passado meia hora ou uma hora depois de ser conhecido o programa do Governo. Portanto, sabemos que são moções de rejeição meramente ideológicas. Não são moções rejeição por estar escrito ou não estar escrito no programa de governo a coisa A, B ou C, mas apenas por ideologia", considera.
"Não são momento para moções de confiança"
Questionado sobre se o governo de Luís Montenegro deveria apresentar uma moção de confiança, o líder da bancada do Chega na Assembleia da República afirmou que essa opção não faz sentido neste momento.
"Eu creio que não são momentos para moções de confiança. Acho que o Governo é um governo que, apesar de não ter uma maioria neste momento, é um Governo estável. Nem o Chega a nem a IL, por exemplo, no caso das moções de rejeição, vão votar a favor dessas moções de rejeição. Não tenho porque pensar que deviam apresentar uma moção de confiança", refere.
A Iniciativa Liberal, pela voz de Mariana Leitão, tem uma posição idêntica. "Parece que é bastante prematuro para a apresentação desse instrumento, o Governo apresentou um conjunto de intenções e de áreas que depois terão ser desenvolvidas ao longo do tempo e nos próprios orçamentos do Estado, com o desenvolvimento das medidas concretas, algumas das quais é anunciada aqui a intenção, mas ainda nem sequer pôs nada em prática. Ainda não tomou nenhuma iniciativa concreta para começar sequer a pôr algumas destas intenções em prática. Portanto, parece-me prematuro estar, nesta fase, a falar em moções de confiança", sublinha.
IL e Chega esperam negociações com Governo para OE2025
Sobre o Orçamento do Estado, que será apresentado em outubro, Mariana Leitão espera que o Executivo dialogue. "Se o Orçamento de Estado for ao encontro daquilo que são as matérias e as urgências que consideramos ser prioritárias para o país terá obviamente a nossa aprovação. Já foi amplamente dito pelo Governo que há vontade de diálogo e de ouvir os vários partidos representados na Assembleia da República", diz.
O líder parlamentar do Chega tem a mesma expectativa, lembrando que Montenegro ainda não foi claro sobre a apresentação de um orçamento retificativo.
"Como é que Luís Montenegro vai governar até ao próximo orçamento? Vai governar com o orçamento do Partido Socialista, que o PSD chumbou em Novembro passado?", questiona. "Tem de haver aqui uma série de clarificações da parte do Governo e é isso que tem faltado. E Luís Montenegro ontem voltou a não ser claro, percebeu-se que há muito boa vontade, mas continua a ser muito vago. Luís Montenegro não quis uma maioria estável e não podemos estar a dizer agora, a seis meses, se vamos ou não viabilizar um orçamento. Obviamente vai ter de haver uma conversa. O PSD vai ter de se sentar à mesa com o Chega", acrescenta.
