IL quer rever Constituição e retirar menção de “caminho para sociedade socialista”
Rui Rocha considera ainda que a esquerda “já entregou os pontos e já está derrotada”, acusando-a de não apresentar soluções para o país e de “dedicar-se sistematicamente a invocar o medo” para tentar sobreviver
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O líder da Iniciativa Liberal afirmou esta segunda-feira que, 51 anos após o 25 de Abril, é preciso rever a Constituição, considerando que é tempo de retirar da lei fundamental a menção de “caminho para uma sociedade socialista”.
Num discurso durante um jantar na Casa do Alentejo, em Lisboa, Rui Rocha abordou os avisos deixados pelo porta-voz do Livre Rui Tavares, nesta manhã de segunda-feira, no Debate das Rádios, de que, segundo as sondagens mais recentes, a direita poderá estar perto de obter os dois terços de deputados necessários para conseguir rever a Constituição da República Portuguesa.
“O Rui Tavares veio com o medo da revisão constitucional. Pois, eu quero-vos dizer que sim, nós queremos rever a Constituição. 51 anos depois do 25 de Abril, é tempo de acabar com o socialismo na Constituição. É tempo de pôr na Constituição que o caminho não é o do socialismo, o caminho é mesmo de mais de liberdade. É isso que nós desejamos”, afirmou.
O líder da IL aludia ao preâmbulo da Constituição da República, em que se lê que a Assembleia Constituinte afirma a decisão do povo português de “abrir caminho para uma sociedade socialista, no respeito da vontade do povo português, tendo em vista a construção de um país mais livre, mais justo e mais fraterno”.
Rui Rocha diz que esquerda “já entregou os pontos e já está derrotada”
O líder da IL considerou esta segunda-feira que a esquerda “já entregou os pontos e já está derrotada”, acusando-a de não apresentar soluções para o país e de “dedicar-se sistematicamente a invocar o medo” para tentar sobreviver.
Num discurso durante um jantar na Casa do Alentejo, em Lisboa, Rui Rocha frisou que, nas últimas horas, se assistiu a um facto “absolutamente determinante”.
“É que a esquerda em Portugal já está a admitir a derrota. A esquerda já está derrotada nesta altura, e deixem-me dizer-vos porquê: não é uma questão das sondagens, é uma questão do discurso que a esquerda tem hoje em dia”, defendeu.
O líder da IL considerou que a esquerda “não apresenta soluções para o país” - e, as que apresenta, “não funcionaram em lado nenhum” – e, além disso, “dedica-se sistematicamente a invocar o medo para trazer uma tentativa de sobreviver nas próximas eleições”.
“Isso é sinal de que a esquerda já perdeu, já entregou os pontos, já está derrotada”, reforçou.
Deixando críticas individuais a cada um dos líderes partidários de esquerda, Rui Rocha começou pelo secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, criticando-o por insistir “que a IL quer beneficiar os grandes grupos económicos”.
Eu quero-vos dizer quem são os grandes grupos económicos que nós queremos beneficiar: queremos beneficiar os portugueses que trabalham, que se levantam cedo, se deitam tarde, trabalham em dois ou três sítios, fazem horas extraordinárias, querem o melhor para as suas famílias, querem um Portugal a crescer”, disse.
Depois, Rui Rocha abordou os avisos do porta-voz do Livre, Rui Tavares, que esta manhã disse que a direita pode obter dois terços dos deputados para rever a Constituição, frisando que a IL pretende mesmo rever a lei fundamental para retirar a menção de “caminho para uma sociedade socialista”.
No que se refere à coordenadora do BE, Rui Rocha disse que Mariana Mortágua “veio falar do perigo da IL” e contrapôs que o “perigo está em defender soluções que nunca funcionaram e que só trariam prejuízo para aqueles que procuram casa em Portugal”, numa alusão à medida do BE para um teto às rendas.
“O perigo está em não conseguir identificar um único país, uma única cidade, onde as soluções que o Bloco põe sobre a mesa tenham funcionado. Não há um, um exemplo onde tenha funcionado aquilo. Um, não há um”, disse, com os membros da IL que estavam na sala e entoarem em comum “um”.
Por último, Rui Rocha referiu-se a declarações do secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, que comparou o modelo para a saúde defendido pela IL com o que vigora nos Estados Unidos.
“Aquilo que nós propomos para a saúde são as melhores práticas, as melhores medidas já testadas, que trouxeram vantagens por toda a Europa: na Alemanha, na Holanda, em situações em que, hoje, os serviços organizados que nós propomos servem muito melhor às populações do que o SNS que Pedro Nuno Santos e o PS deixaram aos portugueses”, referiu.
Para Rui Rocha, “o perigo está em Pedro Nuno Santos” e em ter “um SNS que deixa de fora as pessoas”, que não funciona e “em que os mais desfavorecidos não têm alternativa”.
“Aliás, nunca ninguém em Portugal beneficiou tanto a saúde privada como a geringonça, como Pedro Nuno Santos, Mariana Mortágua e Paulo Raimundo. E fizeram-no à custa dos portugueses mais desfavorecidos, porque são esses que não têm recursos ou para ter ADSE ou um seguro de saúde. São esses que ficam à porta das urgências dos hospitais”, disse.
