"Indecisos vão decidir" eleições. Pedro Nuno garante que "não será a última" campanha
A TSF desafiou os líderes partidários a mostrar o lado de dentro da campanha. A conversa com Pedro Nuno Santos decorreu numa estação de serviço, entre o Barreiro e Torres Vedras, pelo meio de uma intensa agenda.
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O resultado eleitoral a 10 de março, não muda a convicção de Pedro Nuno Santos: considera que esta não será a sua última campanha, mostra-se convencido que a chave para a vitória está nos eleitores indecisos e apela à mobilização de todos (mas refere com veemência os idosos e as mulheres). Admite que fala várias vezes com António Costa, que já teve oportunidade de lhe dizer “o que acha, dar a sua opinião e ajudar”.
A dois dias do final da campanha eleitoral, a caravana socialista já percorreu quase quatro mil quilómetros pelas estradas do continente. São momentos em que Pedro Nuno Santos aproveita para “fazer um pouco de tudo” e refletir sobre “o que se passou e o que se vai passar a seguir”.
Conhecido pelos intensos discursos em comícios ou congressos, o secretário-geral do PS prefere “o contacto com as pessoas”. Ao longo da campanha, tem tentado “tocar e ouvir” o povo, mas os comícios “também são momentos importantes, para passar a mensagem de forma organizada”.
A passagem da primeira para a segunda semana de campanha eleitoral deu um impulso aos socialistas, desde logo, com a entrada de António Costa no terreno, no comício do Porto, e Pedro Nuno Santos admite que “o fim de semana mostrou que há uma grande vontade de trabalhar para uma vitória”.
Rejeita que António Costa lhe retire palco (“Isso não existe”) e aponta ao partido como um todo, que se mostra unido nos momentos de decisão: “Conseguimos fazer a mudança respeitando todos, respeitando o passado e o presente. Tenho uma boa relação com o primeiro-ministro e fazemos esta caminhada com gosto”.
Pedro Nuno Santos “ouve muita gente” e recusa revelar quem é o seu principal conselheiro, mas admite que “conversa muito” com António Costa, que já teve oportunidade de lhe dizer “o que acha, dar a sua opinião e ajudar”.
Como protagonista, pela primeira vez, em campanhas nacionais do PS, admite que “gosta mais de estar na linha da frente”, o que lhe dá “entusiasmo” e “muita vontade de vencer”. Questionado se esta será a primeira de muitas campanhas eleitorais como líder, respondeu de forma pronta.
“Espero bem que sim. Não será a última, de certeza”, atirou.
Pedro Nuno apela ao voto dos idosos e das mulheres
A maioria absoluta terminou “aos 40 minutos”, como referiu António Costa, mas Pedro Nuno Santos considera que “estava a ser feito um trabalho importante”. A perceção dos portugueses, que não se reconciliaram com as maiorias absolutas, deve-se à “crise inflacionista que tem consequências”.
Num confronto com a direita, o socialista reforça que a forma como o PS e o PSD lidam com a crise “é totalmente diferente”, sendo que os socialistas “protegem sempre os que trabalham e os pensionistas”: “Não foi isso que eles fizeram quando estavam no poder e não é isso que farão no futuro”, acrescentou.
A aliada Mortágua e o adversário Passos Coelho?
Para 10 de março, o foco do PS está nos eleitores indecisos, que “sem dúvida nenhuma” irão decidir as eleições, e o secretário-geral socialista apela “à concentração de votos no PS”, principalmente, os que “sabem bem a importância de ter o PS no poder e não o PSD”. É o caso dos idosos, reformados e as mulheres.
Pedro Nuno Santos admite que já pensou em alguns nomes para um futuro Governo, “mas não faz sentido estar a falar” em possíveis ministros. Já sobre o nome de Mariana Mortágua para o Ministério das Finanças, sendo que a direita tem utilizado a possibilidade como arma de arremesso, o socialista mostra-se “concentrado apenas no PS e numa vitória do PS”.
O “pós-eleitoral é apenas o pós-eleitoral” e o foco está na mobilização “do maior número de portugueses” para a vitória do PS para que o “país tenha futuro com esperança para todos e não apenas para alguns como a AD quer fazer”.
Já depois de ter definido Pedro Passos Coelho como futuro adversário político, Pedro Nuno Santos diz agora que foi uma expressão utilizada “num discurso”, mas “não é tema que preocupe” o partido. Espera que “o PSD não ganhe” e não está preocupado com “quem vem a seguir” na direita.