No primeiro dia de trabalhos na AR do XVII legislatura, a TSF falou com os antigos deputados Luís Capoulas Santos e Guilherme Silva. Ambos falam em "algo parecido com um primeiro dia de escola". A diferença? "Não há qualquer tipo de praxe"
Corpo do artigo
Capoulas Santos, que entrou pela primeira vez no Parlamento em 1991 como deputado eleito pelo Partido Socialista, lembra na TSF esse princípio: "Algo parecido como um primeiro dia de escola. Estão os novatos, os veteranos. Temos o recebimento das instruções. É o dia de uma azáfama pouco vulgar, mas depressa tudo entrará na normalidade. Esta será, portanto, uma nova legislatura, num novo contexto político, algo imprevisível ainda. Mas, em democracia, o povo fala."
Sobre a fragmentação político partidária na Assembleia da República, Capoulas Santos afirma que aquilo que se vive atualmente "não é novidade".
"Eu lembro-me que já tivemos parlamentos em que o PCP teve mais de 40 deputados, em que o CDS teve mais de 40 deputados. Tivemos também o contexto do PRD, de 1985, que tinha uma expressão semelhante à que tem o Chega. (...) E, em todas as circunstâncias, o Parlamento encontrou sempre soluções para o seu funcionamento e para aprovar a legislação. Quando essas condições deixam de estar reunidas, o povo é de novo chamado a pronunciar-se", adianta.
Por sua vez, Guilherme Silva, social-democrata eleito deputado em 1987, também recorda na TSF o momento de início de legislatura e sublinha que, "para os veteranos, era o regozijo do reencontro".
"Em relação aos mais novos, existia sempre uma disponibilidade dos mais experientes para dar-lhes apoio e indicações", sublinha.
No entanto, não havia qualquer tipo de praxe: "Nunca me apercebi que houvesse esse tipo de procedimento mais académico. E é natural que não existisse porque o Parlamento tem a sua solenidade e tem um papel de grande relevância pública própria da democracia."
Guilherme Silva, também líder da bancada do PSD entre 2002 e 2005, fala ainda sobre a conquista do Juntos Pelo Povo (JPP) nestas legislativas. Para o ex-deputado, natural da Madeira, "em democracia, quanto mais vozes e mais correntes de opinião se conseguir integrar, melhor".
"O nosso sistema é um sistema de representação proporcional que está muito vocacionado para alargar o leque das várias fações políticas que se apresentam como partidos ou movimentos que podem apresentar candidaturas. Portanto, é sempre benéfico que a defesa da Madeira tenha mais vozes, que não sejam necessariamente em uníssono", conclui.
