"Isto nem em Itália!" Alberto João Jardim teme eleições e acusa Albuquerque de "desmoronar" a Madeira
O antigo presidente do Governo Regional da Madeira considera, em declarações à TSF, que Miguel Albuquerque tem estado a destruir o legado que deixou e a "desunir" o PSD/Madeira. Alberto João Jardim conclui que um líder assim não serve e defende a necessidade de uma nova liderança no partido
Corpo do artigo
Alberto João Jardim esteve à frente do Governo Regional da Madeira entre 1978 e 2015, sendo sucedido pelo atual presidente, Miguel Albuquerque. Os quase 40 anos de experiência levam-no a concluir que Albuquerque não está a saber lidar com a crise que se instalou na ilha, motivada pelos casos judiciais. O executivo vai enfrentar uma moção de censura, que o poderá derrubar.
"Um líder que não une, não serve. Quando vi em 2015 que o PSD/Madeira estava já fraturado e que já não havia possibilidade de uni-lo, disse que me ia embora", lembra Alberto João Jardim, que conclui: "Alimentou-se a desunião e quando há estas situações que vêm de fora do partido, o partido, como está desunido e porque perdeu força, não tem capacidade para lutar contra estas investidas da justiça baseadas em denúncias anónimas."
O antigo líder do governo regional defende que ninguém é culpado até a Justiça o determinar, mas se estivesse no lugar de Miguel Albuquerque já se tinha demitido e lembra que esse cenário foi algo defendido pelo presidente do PSD, Luís Montenegro: "Seria saudável quer para a região, quer para o PSD ele sair com dignidade e ser tratado com dignidade."
Miguel Albuquerque tem rejeitado a demissão e defendendo que "o PSD não vai entregar o poder". Estas afirmações têm levado a oposição a acusarem-no de estar "agarrado ao lugar".
Questionado sobre a forma como Miguel Albuquerque tem liderado o executivo madeirense, Alberto João Jardim fala em tristeza e confessa que vê um "desmoronar" de um trabalho que fez durante quase 40 anos no arquipélago.
As críticas do histórico líder do PSD madeirense vão também para a oposição, desde logo para o Chega, por ter apresentado uma moção de censura ao executivo: "O Chega quando apoiou a formação do governo do PSD já sabia que havia investigações judiciais. Depois, aprovou um Orçamento e de repente dá-lhe na real gana e apresenta uma moção de censura, sem mais, nem menos."
A proposta do partido liderado na Madeira por Miguel Castro tem aprovação garantida com o voto favorável do PS e é para o Partido Socialista que Alberto João Jardim também se vira: "O PS vai aprovar uma moção de censura cujo texto é contra o próprio PS. Tudo isto é uma baralhada. Depois aparecem uns partidos que diziam o piorio do PSD, mas que agora estão na retranca e dizem que não sabem se votarão a favor ou não da moção."
Perante este cenário de instabilidade, o histórico líder do PSD/Madeira já teme novas eleições e recorda que "serão as terceiras num prazo de um ano": "Isto nem em Itália! Só de pensar que vamos andar mais uns anos a brincar com governos a cair sucessivamente porque a direção atual do PSD Madeira é incompetente e os partidos da oposição também o são."
Apesar do pessimismo, Alberto João Jardim diz que há solução, que passa pela mudança na liderança social democrata na ilha. "É preciso aparecer alguém acima das fações e que acabe com os grupos, que chame os melhores que cada grupo tem e fazer a reconstrução do PSD/Madeira", adiantou.
Questionado sobre se existe esta pessoa dentro do partido, Alberto João Jardim revelou que sim, acrescentando que conhece quem queira avançar, mas não revelou nomes.