"Já estavam em curso no Governo anterior." José Luís Carneiro não vê "novidades" nos anúncios de Montenegro
Ex-ministro da Administração Interna afirma algumas das decisões relacionadas com segurança e imigração, que foram referidas pelo primeiro-ministro no fecho do congresso do PSD, já estão no terreno há mais de uma década
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José Luís Carneiro não recebe como o primeiro-ministro apresentou "como novidade" medidas sobre segurança e imigração, que, segundo o ex-ministro com a pasta da Administração Interna, "já estavam em curso no governo anterior". À TSF, o antigo governante sublinha que algumas destas ideias estão no terreno há mais de uma década.
"As equipas mistas de prevenção criminal existem desde 2010", atira José Luís Carneiro, depois de ter ouvido Luís Montenegro anunciar a criação de equipas com elementos da PJ, PSP, GNR, ASAE, ACT e Autoridade Tributária, lideradas pelo Sistema de Segurança Interna (SSI).
José Luís Carneiro vinca que essas equipas "têm uma prática consolidada há pelo menos 14 anos" e foram criadas, sob a alçada do SSI, "para dar resposta a problemas de criminalidade mais complexa e organizada".
"Eu próprio pude participar, enquanto ministro, em várias dessas reuniões, quer da sede do SSI, quer no Porto", sublinha à TSF José Luís Carneiro.
Quanto às câmaras de videovigilância, que Luís Montenegro prometeu que vão passar a ter uma maior abrangência, o antigo ministro da Administração Interna diz que "é algo que tem sido desenvolvido com as autarquias e com a Comissão Nacional de Proteção de Dados".
Nesta área, José Luís Carneiro adianta que o anterior Executivo foi mais além. Existem "já testes desenvolvidos pela secretaria-geral do Ministério da Administração Interna para a utilização da inteligência artificial, de modo a que, em determinados locais expostos a maior risco criminal, possa haver um pré-posicionamento de meios humanos, materiais, logísticos e técnicos para existir maior eficácia na prevenção e combate a práticas criminais".
No encerramento do congresso do PSD, Luis Montenegro disse ainda que o Governo vai criar dois centros de instalação temporária em Lisboa e no Porto, para acolher casos de imigração ilegal ou irregular.
Confrontado com estas declarações, o antigo ministro da Administração Interna afirma que "também estava inscrito no Plano de Recuperação e Resiliência criar novos centros de acolhimento, uma vez que aqueles que existem estão já hoje sobrecarregados".
