No arranque do XX Congresso do PCP, em Almada, o líder do PCP voltou a afirmar que o atual cenário "não traduz" um governo de esquerda. "Salvar a Europa significa derrotar a União Europeia", vinca.
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Apesar da posição conjunta assinada entre comunistas e socialistas, o PCP insiste em separar águas, rejeitando que o partido esteja "domesticado".
Na intervenção que marcou o início do XX Congresso Nacional do PCP, em Almada, Jerónimo de Sousa sublinhou a autonomia do partido em relação ao Governo e ao PS.
"A nova fase da vida política nacional não traduz um governo de esquerda, em uma situação em que o PCP seja força de suporte ao governo por via de qualquer acordo de incidência parlamentar que não existe", disse.
Perante centenas de militantes e delegados ao congresso, o secretário-geral do PCP assinalou que o atual quadro político - com o qual os comunistas continuam a "manter total liberdade e independência políticas" - consiste numa "solução que permitiu a formação e entrada em funções de um governo minoritário do PS com o seu próprio programa".
Um quadro político cuja durabilidade, avisou, "depende diretamente da adoção de uma política que assegure a inversão do rumo do declínio e retrocesso impostos pelo governo anterior", rejeitando um PCP que esteja "domesticado".
"Portugal tem que libertar-se do Euro!", diz Jerónimo de Sousa
Jerónimo de Sousa considera que a União Europeia (UE) "constitui uma matriz política, ideológica, impossível de ser democratizada, humanizada ou refundada".
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(Acima, o vídeo com o arranque dos trabalhos no XX Congresso Nacional do PCP)
"Qualquer política que favoreça os trabalhadores e o povo terá de se confrontar inevitavelmente, com os constrangimentos da União Europeia e, desde logo, do Euro. Portugal tem de libertar-se de um conjunto de constrangimentos da UE e desde logo, e em primeiro lugar do Euro", defendeu o secretário-geral do PCP.
De acordo com Jerónimo de Sousa, "muitos teimam em acenar com os cenários de catástrofe no caso de uma saída do Euro", vozes que, entendem os comunistas, "pretendem é vender a tese da inevitabilidade de continuarmos amarrados a esse instrumento de exploração e domínio económico".
Continuando as críticas àqueles que não se opõe às instituições europeias com a mesma insistência dos comunistas, Jerónimo de Sousa acrescentou: "São vários aqueles que, oriundos do consenso de Bruxelas entre a direita e social-democracia, alertam agora para os perigos e os problemas da Europa. Nada que não fosse visível há anos e por nós identificado".
E, prosseguindo os lamentos em relação ao caminho seguido pela Europa, o secretário-geral comunista criticou ainda "o aprofundamento dos seus pilares - neoliberal, federalista e militarista - e contradições que conduziram a uma profunda crise".