Secretário-geral do PCP insiste que os comunistas vão avançar para o pedido de apreciação parlamentar do decreto que reduz a Taxa Social Única. Posição do PSD "é difícil de compreender", diz Jerónimo.
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Jerónimo de Sousa assume as "diferenças" dos comunistas para com o PS, em matérias como a Taxa Social Única (TSU) - cuja descida, para os patrões, servirá de contrapartida para o aumento do Salário Mínimo Nacional - e insiste que o PCP vai avançar com um pedido de apreciação parlamentar da medida, assim que for publicado o decreto.
O secretário-geral do PCP foi recebido, esta tarde, na sede do PS, em Lisboa. No final do encontro, questionado sobre uma eventual "tensão" com o PS, na sequência do acordo alcançado entre o Governo e os parceiros sociais - à exceção da CGTP -, Jerónimo de Sousa defendeu que não é à Concertação Social que compete aplicar a medida, mas sim ao Governo.
"Eu queria lembrar que quem decide o aumento do Salário Mínimo e medidas como a TSU é o Governo, ouvido o Conselho da Concertação Social. Não é uma decisão do Conselho da Concertação Social, ouvido o Governo e colocada à margem a Assembleia da República, portanto, aquilo que o PCP está a fazer é um direito institucional, vamos chamar o decreto para apreciação e aguardaremos a votação", disse.
Quem já decidiu que irá votar contra a redução da TSU, e assim acompanhar PCP, mas também o BE, é o PSD. Questionado sobre a posição dos social-democratas, Jerónimo de Sousa prefere salientar o que entende como a "coerência" dos comunistas.
"É um exercício difícil de compreender. Nós temos uma posição coerente desde início, o PSD anda de lá para cá, mas é um problema que compete ao PSD esclarecer", afirmou Jerónimo de Sousa.
PCP rejeita "nacionalização temporária" do Novo Banco
Sobre a questão do Novo Banco, o secretário-geral do PCP defendeu que uma "nacionalização temporária" não é a solução ideal para a instituição.
"Estamos em desacordo que sejam os portugueses a pagar os prejuízos e a situação atual desse banco e não concordamos com essa nacionalização temporária para limpar o banco, com os portugueses a ficarem com os ossos e o bife do lombo a voltar para as mãos do capital", concluiu.
A delegação do PCP, composta por Jerónimo de Sousa, secretário-geral do partido; por João Oliveira e Margarida Botelho, membros da Comissão Política do Comité Central; e ainda por José Capucho, membro do Secretariado e da Comissão Política do Comité Central, foi recebida, na Sede Nacional do PS, por Ana Catarina Mendes, secretária-geral adjunta socialista; Porfírio Silva, membro do secretariado nacional do PS
Antes da reunião desta sexta-feira, o PCP já se tinha reunido com o Bloco de Esquerda e com a CGTP. O encontro agendado com o Partido Ecologista "Os Verdes" foi reagendado devido ao luto nacional decretado na sequência da morte de Mário Soares.
O PCP pediu reuniões ao PS, ao BE e ao PEV, após uma decisão do Comité Central, na tentativa de encontrar uma "convergência de forças, setores e personalidades disponíveis para a construção da alternativa patriótica e de esquerda".