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O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, considerou hoje que o presidente do PSD parece ter tido "um vaipe" no sentido de "salvar a Segurança Social" - e que isso não é para levar a sério.
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"Não, camaradas, não será Passos Coelho que salvará a Segurança Social", declarou o secretário-geral do PCP, no final de um almoço com delegados e dirigentes sindicais e membros de organizações representativas de trabalhadores, no refeitório da Festa do "Avante!", no Seixal.
Jerónimo de Sousa falava na necessidade de enfrentar "os grandes desafios e até também muito contrabando e aldrabice que anda por aí", quando se referiu a este tema, em tom irónico.
"Lendo os jornais hoje descobrimos esta coisa espantosa, camaradas: que Passos Coelho, em nome de uma convergência na reforma da Segurança Social, diga que na sua proposta não vai cortar pensões e reformas, que vai respeitar as reformas em pagamento, que até poderá deixar cair o plafonamento", referiu.
Em seguida, o secretário-geral do PCP questionou: "Quem havia de dizer, camaradas? O mesmo Passos Coelho que assumiu o compromisso com a União Europeia de cortar 600 milhões de euros na Segurança Social, cortando reformas, pensões e apoios sociais, que lhe tenha dado de repente um vaipe considerando que agora é tempo de salvar a Segurança Social?".
"Não, camaradas, não será Passos Coelho que salvará a Segurança Social. É preciso respeitar o seu caráter universal, geral e solidário, é preciso encontrar fontes de financiamento, pondo o grande capital a pagar uma parte. Isso sim é uma proposta séria e não o desabafo de circunstância de Passos Coelho. Precisamos de defender a Segurança Social", acrescentou.
Na quinta-feira, o líder da bancada social-democrata, Luís Montenegro, anunciou que o PSD iria propor a criação de uma comissão no parlamento para "aprofundar" o tema da Segurança Social.
Na sexta-feira, em conferência de imprensa, o presidente do PSD comunicou a entrega de um projeto para criar uma "Comissão Eventual para promover uma reforma estrutural do sistema público de Segurança Social", destinada a fazer "a recolha de contributos, a análise e a sistematização de medidas orientadas para a sustentabilidade financeira e sociopolítica de longo prazo do sistema de Segurança Social".
Pedro Passos Coelho não avançou com qualquer medida, argumentando que os sociais-democratas não querem contribuir para "inquinar o debate" colocando propostas em cima da mesa, e defendeu que é urgente "encontrar coletivamente uma solução efetiva" para a Segurança Social.
"O assunto é demasiado sério para ser usado como arma de arremesso partidário e devemos evitar cair nas caricaturas de debate, em que o presente é turvado pelos constrangimentos de curto prazo e o futuro é iludido ou menosprezado", disse.