Marcelo também lhe ligou, mas ele não atendeu. João Miguel Tavares e a polémica do 10 de Junho
Gosta de ser polémico, mesmo que lhe valha uma chuva de críticas. Como aquelas que recebeu quando foi convidado por Marcelo Rebelo de Sousa para presidir à comissão de comemorações do Dia de Portugal. Nada que incomode o jornalista João Miguel Tavares."Não vou fazer de papagaio do Presidente", garantiu ao Às Onze no Café de S. Bento.
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Assim como Marcelo Rebelo de Sousa surpreendeu os portugueses com o convite a João Miguel Tavares para presidir à comissão das comemorações do 10 de junho, também o jornalista e comentador ficou surpreendido.
À semelhança de Cristina Ferreira, também ele recebeu um telefonema do Presidente da República, só que não o atendeu. "Estava a dar banho aos miúdos. Passou para o atendedor. Depois devolvi-lhe a chamada e ele acabou por me dizer que o 10 de Junho ia ser em Portalegre, que tinha falado com algumas pessoas, percebeu que eu era de lá e pensou: "Porque não?"", recordou no Às Onze no Café de S. Bento, da TSF.
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E estava feito o convite oficial para discursar, antes do chefe de Estado, no Dia de Portugal, na cidade que o viu nascer.
O convite cedo gerou críticas, principalmente à esquerda - mas não só. "Tenho amigos que não me disseram nada. Penso que acharam a escolha ridícula e, por isso, não me disseram nada." Nada que o preocupe, apesar de reconhecer que "olhando para o perfil do que era o tipo comum do Padrão dos Descobrimentos, não sou o perfil clássico" para a ocasião.
De resto, tem a consciência tranquila, até porque "não conhecia Marcelo Rebelo de Sousa de lado nenhum". E faz questão de sublinhar: "Fujo ao contacto e aos almoços com políticos."
"O que faço é dizer o que penso num país que é demasiadamente sonso"
João Miguel Tavares reconhece que "se fizesse política, seria complicado". Continua a ter carteira profissional de jornalista e o que gosta mesmo é de uma boa história, doa a quem doer. "O que faço é dizer o que penso num país que é demasiadamente sonso. Quando leio a imprensa lá fora não vejo isso. Gosto de dizer o que penso e isso em Portugal é (considerado) uma forma de provocação."
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Apesar de gostar de dizer o que pensa, reconhece que no discurso do 10 de Junho vai ter que ser mais comedido. Piadas poderão faltar, mas ironia não. Garantido é que vai discursar em seu nome e não em nome de Marcelo Rebelo de Sousa. "Não vou fazer de papagaio do Presidente da República."
"Não quero ser confundido com o Francisco Louçã"
João Miguel Tavares não se imagina a ser político - "a não ser que fosse primeiro-ministro" -, mas não quer ser confundido com eles. Por isso, assume que vai ter que escolher bem o fato e a gravata que vai usar nas comemorações. "Se eu estiver de blazer, sem gravata, vão confundir-me com o Bloco de Esquerda e eu não quero ser confundido com o Francisco Louçã", ironiza.
A conversa assume um tom mais sério quando o tema é a presidência de Marcelo Rebelo de Sousa. João Miguel Tavares gosta dos afetos e da entrega do chefe de Estado, mas tem dúvidas sobre se "num momento de grave crise, ele teria a coragem para tomar as decisões mais difíceis". Ainda assim, quer "que ele se recandidate. As pessoas reveem-se nele e isso é bom."
Os recados a Marcelo ficam por aqui. Mas não se inibe de sugerir o seu sucessor para as comemorações de 2020. "Ricardo Araújo Pereira daria um grande discurso no 10 de Junho", conclui.
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