João Soares diz que Santos Silva fez bem ao não se candidatar a Belém: "Não seria agregador, porque nunca foi"

João Soares
Artur Machado/Global Imagens (arquivo)
E declarações à TSF, o antigo presidente da Câmara de Lisboa antevê uma segunda volta das eleições presidenciais entre António José Seguro e Henrique Gouveia e Melo
João Soares, um dos apoiantes de primeira linha da candidatura de Antonio José Seguro, defende que Augusto Santos Silva fez bem ao não avançar com uma candidatura a Belém e concorda com a análise do ex-presidente da Assembleia da República que entendeu que se apresentasse uma candidatura poderia dividir o partido.
"Eu acho que fez bem não se candidatar, porque, de facto, uma eventual candidatura dele, eu uso as expressões que me diz que ele usou - que eu não ouvi, para dizer a verdade, não tinha nem paciência, nem vontade de ouvir. Restava-me saber se queria sim ou não ser candidato, como anunciou e chegou a ameaçar mesmo. A semântica não é demasiado pesada, embora não estejam em causa questões de natureza violenta, mas ele ameaçou que se candidataria se António José Seguro concretizasse a sua candidatura, como concretizou. Acho que fez bem. Era um disparate completo. Aí parece-me óbvio que ele tem razão quando diz que ele não seria agregador, porque nunca foi", disse João Soares à TSF.
E acrescenta: "Também honra lhe seja nalguns momentos, então foi agregador, embora ele tenha feito uma coisa que é única, que é: ele serviu todos os secretários-gerais ou praticamente todos os secretários-gerais do Partido Socialista ao mais alto nível, isto é, com funções governamentais e funções na direção do partido ao nível da Comissão Política do Partido, o que também é curioso para alguém que tenha as preocupações de ser agregador, mas ainda bem que não se candidata."
João Soares já declarou apoio à candidatura de António José Seguro, uma candidatura que pode reunir apoiantes de vários partidos.
"Eu revejo-me na candidatura de António José Seguro e, ao contrato que ele possa ter dito, já o disse várias vezes, acho que ela é profundamente agregadora e não apenas do Partido Socialista, porque a candidatura do António José Seguro não é, como ele sublinhou muito bem no lançamento nas Caldas da Rainha, onde eu estive, não é uma candidatura partidária, nem nunca será, e isso é um valor que me parece muito importante e eu sou insuspeito em termos da minha ligação quase umbilical ao Partido Socialista e da minha lealdade total ao Partido Socialista. Agora o partido, na minha opinião, não tem de ter um candidato partidário à eleição presidencial. Eu acho que a eleição presidencial é o contrário de uma eleição partidária, é exatamente o contrário e por isso é que acho que António José Seguro, sendo um homem da esquerda democrática, do socialismo democrático e da social-democracia e do trabalhismo, é o candidato certo", acredita.
É a convicção de João Soares que, em função dos candidatos até ver declarados, não acredita numa divisão de votos à esquerda e já vê Seguro numa segunda volta das eleições presidenciais frente a Henrique Gouveia e Melo.
"Não creio que haja possibilidade de uma pulverização e, pelo contrário, o que eu antevejo é uma segunda volta e é uma segunda volta entre o almirante e António José Seguro e obviamente que isso congregará votos vindos da direita e da esquerda, não apenas da esquerda, mas seguramente da esquerda também", antecipa.
E deixa Luís Marques Mendes de fora dessa eventual segunda ida às urnas: "Bem, eu não quero confundir aquilo que é o meu desejo com aquilo que antevejo como realidade, mas parece-me muito provável que possa não passar a uma segunda volta. Eu sou daqueles que às vezes se enganam e muitas vezes têm dúvidas, mas neste caso não tenho grandes dúvidas."
Quanto à decisão de José Luís Carneiro de adiar para depois das autárquicas uma decisão do PS sobre quem vai apoiar nas presidenciais, João Soares concorda com a estratégia, considerando ainda assim que os dados para as presidenciais estão lançados.