No final de março, em entrevista à TSF e ao Jornal de Notícias, José Luís Carneiro já tinha admitido que “teve dúvidas” quanto à CPI, revelando que em reunião do grupo parlamentar do PS mostrou-se contra a posição da liderança do partido
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José Luís Carneiro admite que o PS vai deixar cair a comissão parlamentar de inquérito (CPI) à Spinumviva, pelo menos, para já. O candidato a secretário-geral do PS e provável futuro líder do partido lembra que a Procuradoria-Geral da República (PGR) abriu uma averiguação preventiva, pelo que o Parlamento deve aguardar pelas conclusões da justiça.
A CPI à empresa familiar do primeiro-ministro foi uma das razões para que Luís Montenegro apresentasse uma moção de confiança no Parlamento, que acabou chumbada e levou à queda do Governo, com Pedro Nuno Santos a recusar o modelo proposto por Montenegro para que o inquérito se fizesse em 15 dias.
No final de março, em entrevista à TSF e ao Jornal de Notícias, José Luís Carneiro já tinha admitido que “teve dúvidas” quanto à CPI, revelando que em reunião do grupo parlamentar do PS mostrou-se contra a posição da liderança do partido.
A averiguação preventiva mostra que “a questão está também na esfera da justiça”, pelo que, na opinião de José Luís Carneiro, “temos de ser capazes de separar estas águas” entre justiça e Parlamento.
“Naturalmente que o PS nunca pode abdicar de um instrumento que são as comissões de inquérito. Não o deve fazer é sem a devida ponderação, em função do contexto e em função dos factos que venham a ser apurados”, acrescenta, no espaço de opinião na CNN Portugal.
José Luís Carneiro quer, no entanto, “aguardar pelos desenvolvimentos no foro da Justiça”: “Se se vier a verificar que há novos elementos, novos dados, pois com certeza que os órgãos do PS e também o grupo parlamentar terão que ser ouvidos".
Carneiro avisa Governo: deve “respeitar” PS
O futuro secretário-geral do PS volta a pedir “boa-fé” ao Governo e “respeito pela oposição”, tal como já tinha pedido no final da reunião da Comissão Nacional do PS. Está disponível para dialogar com o Executivo da AD, até sobre a eleição do presidente da Assembleia da República, mas o primeiro passo tem de ser dado pelo Governo.
“É importante que o governo não esqueça que tem o primeiro dever, inalienável dever, de dialogar com o PS. Se entrar no caminho de desrespeito, como fez nas idas às comissões com muita sobrançaria na forma como tratava oposição, é evidente que o princípio da reciprocidade aplicar-se-á”, avisa.
O PS “está de boa-fé para cooperar e para contribuir para a estabilidade” política, pelo que vai votar contra a moção de rejeição ao programa do Governo já anunciada pelo PCP.
José Luís Carneiro é, até agora, o único candidato à sucessão de Pedro Nuno Santos e afigura-se como o candidato mais forte, tendo em conta a indisponibilidade de Fernando Medina, Mariana Vieira da Silva e Duarte Cordeiro em avançar para a liderança do partido.
O socialista admite ainda que não está preocupado se o seu tempo como secretário-geral será “duradouro ou de tempo curto”, mas quer concentrar-se em “recolocar o PS como o maior partido em Portugal”.