JPP pede CPI à gestão dos incêndios: deputado está "triste e envergonhado com atitudes" do Governo
"Não sei como é que esta gente consegue dormir descansada. Sabendo que o país está a arder, estão em rentrées políticas e comícios políticos. Não percebo. Eu confesso que me tira o sono, fico triste e envergonhado perante esta atitude destes governantes. E eu pouco posso fazer", critica, em declarações à TSF
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O deputado único do partido Juntos Pelo Povo (JPP), Filipe Sousa, revelou esta segunda-feira que vai avançar com o pedido de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) à gestão dos incêndios. Em declarações à TSF, o político madeirense assume estar "triste e envergonhado" com as atitudes do Governo.
O anúncio acontece depois de o presidente da Assembleia da República ter recusado esta segunda-feira o pedido do JPP para convocar uma reunião extraordinária da comissão permanente do parlamento sobre os incêndios, justificando que apenas os grupos parlamentares têm esse poder.
Filipe Sousa reagiu a esta decisão na TSF, afirmando que, "mais do que ver o desespero revoltante" das populações afetadas pelos fogos, é preciso que os políticos cumpram o seu "dever, que é fazer este papel".
Eu já vivi na pele o drama dos incêndios, em 2012. Enquanto autarca, andei no terreno e as pessoas precisam de conforto, precisam de decisões. Muitas das vezes não são os técnicos que tomam essas decisões, mas sim os políticos. E digo em primeira mão que irei avançar com a constituição de uma CPI, para darmos esse seguimento.
O deputado madeirense revela que o objetivo é que o Parlamento possa "assumir responsabilidades", perceber "o que é que falhou" e, a partir daí, "encontrar soluções".
Apesar de reconhecer que precisa do apoio dos restantes partidos para que esta intenção possa ser concretizada, Filipe Sousa ressalva que não está "preocupado" com isso.
"A mim não preocupa o apoio. É claro que é importante e, pelas declarações políticas que tenho vindo a assistir, não vejo que a constituição desta CPI seja inviabilizada. Mas se for, paciência. É o que temos. Agora, eu não posso ficar parado e fico impotente perante o drama que se vive", atira.
Critica ainda a comunicação ao país da ministra da Administração Interna, Maria Lúcia Amaral, que "em dois/três minutos" não disse "nada", e a presença do primeiro-ministro, Luís Montenegro, na tradicional Festa do Pontal, no calçadão de Quarteira, em Loulé, que marca a rentrée política do PSD. "Isto é mau demais", defende.
Não sei como é que esta gente consegue dormir descansada. Sabendo que o país está a arder, estão em rentrées políticas e comícios políticos. Não percebo. Eu confesso que me tira o sono, fico triste e envergonhado perante esta atitude destes governantes. E eu pouco posso fazer.
Antes das férias parlamentares, ficou agendada para 10 de setembro uma reunião da comissão permanente do Parlamento, sete dias antes da primeira sessão plenária de setembro.
A situação de alerta devido ao risco agravado de incêndio foi prolongada até terça-feira. Maria Lúcia Amaral sublinhou que se mantêm todas as restrições e proibições impostas pela situação de alerta de risco agravado de incêndio.
Portugal está em situação de alerta devido ao risco de incêndio desde 2 de agosto e nas últimas semanas têm deflagrado vários incêndios no norte e centro do país que já consumiram mais de metade dos cerca de 75 mil hectares de área ardida este ano.